Relações entre fonologia e ortografia na distinção de sonoridade de consoantes obstruintes na escrita infantil nos primeiros anos de escolarização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Moraes, Marina Cabreira Rocha de
Orientador(a): Matzenauer, Carmen Lúcia Barreto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/9878
Resumo: Esta pesquisa descreve e analisa a representação escrita das consoantes obstruintes do português (/p-b, t-d, k-g, f-v, s-z, ʃ-Ʒ/), quanto ao traço de sonoridade, em textos de crianças do 1° ao 3° ano do Ensino Fundamental, estabelecendo relações entre fonologia e ortografia. Foram analisados quanti e qualitativamente 299 textos espontâneos de alunos que estavam cursando do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental de três escolas públicas municipais da cidade de Pelotas/ RS, aqui identificadas como Escolas A, B e C. Esses textos, coletados entre o período de 2014 e 2015, fazem parte do Estrato 7 do acervo Banco de Textos de Aquisição da Linguagem Escrita (BATALE). A descrição e a análise dos dados tiveram como base uma variável dependente e oito independentes, das quais sete se voltaram para a estrutura linguística e uma para um fator extralinguístico: I) ponto de articulação da obstruinte, II) direção da alteração do ponto de articulação, III) modo de articulação da obstruinte, IV) direção da alteração do modo de articulação da obstruinte, V) sílaba da obstruinte quanto ao acento, VI) sílaba da obstruinte quanto à estrutura, VII) sílaba da obstruinte quanto à posição na palavra e VIII) ano escolar da criança. Destacam-se três pontos que os dados revelaram, com relação à representação escrita dos fonemas obstruintes no que se refere ao traço de sonoridade: (a) os acertos superaram os erros, atingindo um índice de 98,94%; (b) houve erros relacionados aos processos fonológicos de sonorização e dessonorização, com uma pequena predominância de erros de dessonorização (1,09%) frente aos dados de sonorização (1,02%); (c) os erros quanto ao registro escrito do traço de sonoridade das obstruintes, ainda que com baixa frequência, fizeram-se presentes nos três primeiros anos de escolarização, embora se mostrassem predominantes no 1°ano nas Escolas A e C. Essa recorrência dos erros evidencia a complexidade do mapeamento, para grafemas, da oposição por sonoridade que há entre os pares de fonemas obstruintes, estando aí a motivação de alterações em ambos os sentidos na representação escrita do traço: sonorização e dessonorização. Seguindo-se Seymour (1997), atribuem-se os erros na grafia relativos ao registro do traço de sonoridade a um problema de acesso ao conhecimento fonológico referente a este tipo de contraste, o que pode ser ainda agravado pela correspondência múltipla entre alguns fonemas e grafemas. Considera-se que os erros decorrem de descompassos no mapeamento entre fonemas e grafemas, o que se explica pela articulação entre módulos cognitivos de processamento ortográfico propostos por Seymour (1997), e decorrem também da complexidade do processamento bottom-up, necessário na aquisição da escrita alfabética, o que exige que a criança lide com fonemas (e traços distintivos) e com grafemas.