Os laços sociais de indivíduos em sofrimento psíquico.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Cortes, Jandro Moraes
Orientador(a): Kantorski, Luciane Prado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Departamento: Faculdade de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5697
Resumo: Os Serviços Residenciais Terapêuticos inserem-se na perspectiva de reinvenção do cotidiano, por permitirem que o indivíduo conviva em uma casa, enfrente o dia a dia com suas problemáticas e desafios, sendo um ambiente que potencialize os sonhos de vida destes indivíduos, pelo fato de neste modelo de atenção estar aprendendo a (re) concretizarem a vida de relações, de afetos, de significados, de subjetividades, com os laços sociais praticamente destruídos no manicômio. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que tem por objetivo geral compreender a constituição dos laços sociais dos indivíduos em sofrimento psíquico moradores do Serviço Residencial Terapêutico (SRT) de Caxias do Sul – RS, através da cartografia, utilizando a técnica de observaçãoparticipante, num total de 700 horas, no mês de maio de 2010, além de dados dos prontuários e da construção de ecomapa, dos 07 moradores que foram sujeitos deste estudo, oriundo do banco de dados da pesquisa Redes que reabilitam – avaliando experiências de composição de redes de atenção psicossocial. A análise dos dados contemplou os seguintes temas: laço social, cenas e subjetividades: um estudo cartográfico das trocas sociais no SRT, laço fracos e laços fortes e o sonho de voltar para casa, dom, hau e contra-dom e laço social. Os laços entre moradores e seus afetos foram rompidos e fragilizados pelas duras certezas do modo asilar, que os separou seja por controle ou por culpabilização da doença. Cabe agora ao modo de atenção psicossocial a construção de novas formas de enfrentamento, de novas acomodações na vida, de outras formas de subjetivação da própria experiência do enlouquecer, de encontrarmos juntos, profissionais, moradores e comunidade, as saídas e os fortalecimentos dos laços entre morador e seus afetos, em trocas sociais que permitam o retorno para sua casa, no entendimento individual de cada um. Dom, Hau e Contra-dom são evidenciados quando a equipe de profissionais senta-se junto ao morador e almoçam juntos. Os moradores do SRT foram “carimbados” pelas internações psiquiátricas, os afastando de seus territórios geográficos e simbólicos, hoje tem possibilidades múltiplas na dimensão objetiva dos serviços de saúde, espalhados no território, com igrejas, com vizinhos do residencial, pessoas que moram no bairro, trabalham na padaria, no bar, no comércio local, as oficinas nos CAPS, no fato de aprender a ler e escrever no Programa Brasil Alfabetizado, na hidroterapia e na equoterapia. Estas possibilidades fortalecem os indivíduos a relacionarem-se entre si e com o todo a sua volta, reestruturando um laço social que se perdeu no tempo e no espaço do manicômio. Conclui-se que os laços sociais dos indivíduos em sofrimento psíquico, moradores deste serviço-casa denominado SRT, podem ser fortalecidos através deste equipamento de saúde mental.