Não tivemos outro jeito: ou morríamos ou nos defendíamos, uma análise acerca da Batalha do Irani (1912).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Kunrath, Gabriel Carvalho
Orientador(a): Espig, Márcia Janete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/6913
Resumo: A presente dissertação propõe-se a examinar a batalha que marca o início da Guerra do Contestado, ocorrida em uma região que vinha sendo alvo de disputas por jurisdição entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, sendo em virtude disso chamada de “região Contestada”. Entre os anos de 1912 e 1916 essa região, que atualmente corresponde ao meio oeste catarinense, foi palco de um conflito armado que opôs muitos sertanejos e membros das forças militares estaduais e federais, tornando-se um importante evento da história do Brasil. Seu marco inicial remonta ao episódio ocorrido no início da manhã do dia 22 de outubro de 1912, quando uma parcela das tropas do Regimento de Segurança do Estado do Paraná, lideradas por seu comandante, coronel João Gualberto Gomes de Sá, entrou em confronto com uma liderança religiosa popular, o monge José Maria, e alguns moradores locais que o seguiam. Esse encontro ocorreu no Banhado Grande, região de Irani, até então pertencente ao estado do Paraná. Por tratar-se de um dos primeiros episódios da Guerra do Contestado, a Batalha do Irani vem sendo mencionada na historiografia de variadas formas, não se constituindo como um objeto novo de estudo. Contudo, é justamente essa profusão de versões sobre a Batalha que torna necessário revisitá-la. Ao realizar uma revisão historiográfica, verifica-se que as diferentes versões sobre a Batalha do Irani foram constituídas entre repetições, permanências e alguns avanços. Assim sendo, partindo das concepções da micro-história e buscando um uso intensivo de fontes, através da análise de processos crime e militar, jornais paranaenses e catarinenses, telegramas, fotografias da época e tantas outras fontes, busca-se compreender esse episódio da Guerra não como um evento isolado, mas como uma resposta dos sertanejos da região e dos coronéis locais frente às transformações sociais e culturais, sobretudo aquelas que aconteciam no interior dos Estados de Santa Catarina e do Paraná. Para isso, propõe-se uma nova narrativa sobre os acontecimentos que envolvem a Batalha do Irani, averiguando qual teria sido o papel da imprensa no evento, investigando como a inserção capitalista, através das empresas estrangeiras nos sertões dos Estados do Paraná e de Santa Catarina, está relacionada com os acontecimentos do dia 22 de outubro de 1912, bem como analisando a trajetória de alguns personagens envolvidos para melhor compreender esse episódio. Desta forma, pode-se perceber que a Batalha do Irani foi muito além da troca de tiros e do entrevero estabelecido naquela manhã no Banhado Grande. Ao longo da construção desse trabalho, percebeu-se que não há como desassociar da ocorrência desse evento o quadro de possibilidades e ambições presentes na atuação dos principais agentes envolvidos, levando em conta suas redes de relações sociais, pessoais e políticas.