Coerção e consenso na Primeira República: a Guerra do Contestado (1912-1916)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Carvalho, Tarcísio Motta de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/26738
Resumo: O objetivo da presente tese é relacionar a construção do Estado na Primeira República e a Guerra do Contestado. Procuramos compreender a intervenção armada no Contestado, através da violência física estatizada, enquanto instrumento garantidor de uma determinada dominação de classe. Assim, podemos compreender melhor as razões da guerra e, ao mesmo tempo, desvendar os processos de luta pelo controle do Estado, enquanto disputa de valores e representações, ou seja, a construção de uma determinada hegemonia. Para as frações dominadas da classe dominante agrária, a construção desta hegemonia passava, de forma decisiva, pela ampliação da importância econômica da agricultura diversificada e voltada para o mercado interno, praticada nos estados não cafeicultores, dentre eles, Paraná e Santa Catarina. Colocava-se, desta forma, a necessidade de modernizar a agricultura, através da subordinação de seus objetivos à lógica do Capital: institucionalizar a propriedade privada, mecanizar e padronizar os métodos de produção e compelir o trabalhador rural a uma dependência cada vez maior do mercado. O ruralismo brasileiro foi a expressão ideológica e política desta modernização almejada. A Guerra do Contestado, ocorrida entre os anos de 1912 e 1916 nos sertões catarinenses é um episódio privilegiado para analisarmos este processo justamente porque os caboclos daquela região resistiram a tais mudanças, revelando que as construções ideológicas que procuravam caracterizar esse processo como benéfico e inevitável não tiveram a força de se impor pelo consenso. Ao mesmo tempo, na tentativa de justificar a intervenção armada, as classes dirigentes, tanto nacionais quanto locais, tiveram de lançar mão de todo um arsenal discursivo que, mesmo reforçado pela guerra, teve de expor suas contradições e seu conteúdo de classe. Com base nestas reflexões, podemos afirmar ter sido a Guerra do Contestado um momento emblemático da constituição do capitalismo no Brasil, não só porque expôs seu caráter mais violento, mas também porque revela sua dimensão histórica e, portanto, em nada natural.