A prática reflexiva de Donald Schön e a reflexão sobre a prática em Paulo Freire: aproximações e disjunções na perspectiva de uma formação omnilateral.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Taddei, Paulo Eduardo Dias
Orientador(a): Paludo, Conceição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5607
Resumo: O objetivo geral desta tese é demonstrar os efeitos negativos do recuo da teoria nos processos de ensino e aprendizagem na escola pública, com a emergência do neoliberalismo e da pós-modernidade. Para tanto, parto do confronto da prática reflexiva,de Donald Schön, com a reflexão sobre a prática, em Paulo Freire, buscando suas aproximações e disjunções, à luz do modelo da formação omnilateral. O problema de pesquisa é que, a partir dos anos setenta do século XX, com a emergência e a expansão do neoliberalismo e da chamada ―agenda pós-moderna‖, iniciou-se um ―recuo da teoria‖ nos espaços formais de educação, afastando ainda mais os processos formativos da perspectiva da omnilateralidade. A hipótese de pesquisa é de que o recuo da teoria coloca a formação humana, nos espaços formais de educação, a serviço dos interesses do mercado, orientando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para disciplinas que ofereçam uma resposta imediata aos interesses do capital, o que se constitui em inegável atraso intelectual e ético, colocando em risco um marco civilizatório e prejudicando o desenvolvimento das múltiplas lateralidades dos estudantes. A concepção de Schön enfatiza a construção de um saber profissional, a partir da experiência prática e subjetiva do professor, voltada, principalmente, à construção de um conhecimento útil ou eficiente para a solução de problemas práticos e imediatos do cotidiano. É reducionista, pois alicerçada em uma pedagogia inspirada nos princípios da engenharia da produção, defendida pelo neoliberalismo, ampliando ainda mais a unilateralidade nos processos formativos, o que é negativo para a educação dos filhos e filhas das classes subalternas. A concepção de Freire, diferentemente, é voltada para a defesa dos interesses dos(as) trabalhadores(as), pois articula dialeticamente os conceitos de objetividade e subjetividade, teoria e prática, trabalho material e trabalho imaterial, consciência e mundo, constituindo-se como ideário contra-hegemônico ao neoliberalismo e como possibilidade para a construção de uma educação omnilateral. A importância da omnilateralidade, nesse debate, como paradigma de análise, está em sua principal característica: o desenvolvimento do ser humano em suas múltiplas lateralidades. Partindo dessas considerações, defendo que a educação brasileira já conta, desde a década de sessenta do século XX, com uma teoria educacional libertadora, voltada para a transformação social, focada na vocação ontológica do ser humano em ser mais.