Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Dalla Costa, Gustavo Severo |
Orientador(a): |
Senna, Nádia da Cruz |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/12984
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Resumo: |
Diante da profusão da negatividade, da aceleração do tempo e da desconexão das pessoas entre si e com os ambientes que as cercam, encontramos na cultura japonesa uma obra que serve de contraponto a essas questões. A presente pesquisa tem como objetivo compreender as formas e os motivos pelos quais a série de animação japonesa Rilakkuma e Kaoru (Kobayashi, 2019) provoca o sentimento de bem-estar, tanto para nós quanto para os personagens da narrativa. Inicialmente, estudamos a capacidade com que o corpo tem para estabelecer uma percepção particular ligada aos sentidos e à subjetividade. Com o apoio de Pallasmaa (2011), abordamos a comunicação do corpo com seu exterior e a necessidade de intensificarmos a valorização da sinestesia. Sacco (2014) aponta os múltiplos significados que os objetos e ambientes carregam para nossa identidade e o conceito da materialidade sutil, que nos permite sentir o multissensorial na animação, um meio estritamente audiovisual. Exploramos também alguns aspectos da arte japonesa a fim de delinear uma percepção cultural em comum com a animação. A cerimônia do chá, pelo texto de Okakura (2017), propõe um modelo ético e estético inspirado na religiosidade budista e taoísta que conduziu os conceitos de impermanência e da comunhão universal à realidade japonesa. A xilogravura e a poesia do haikai enfatizam o cotidiano como centro da atenção da cultura japonesa, encontrando a beleza na fugacidade de seus detalhes e na natureza. Kato (2012) congrega essas noções com uma percepção de tempo própria ao Japão, que se fundamenta no aqui e agora, inspirada nos ciclos da natureza e na mudança das estações, que pela transformação constante resultaram no foco ao presente, ou nas partes do todo. Siqueira e Padovam (2008) categorizam o sentimento de bem-estar com atributos objetivos, subjetivos e psicológicos. Devido a essa subjetividade, incluímos algumas obras e expressões de nossa autoria para compartilhar um pouco de nossa compreensão de bem-estar e aproximar o leitor de nossa perspectiva. Bachelard (2012) integra a noção de bem-estar objetivo e subjetivo em sua caracterização dos refúgios, ambientes necessários para um acolhimento mental e físico e que compõem nossa identidade. Na sequência, analisamos a animação Rilakkuma e Kaoru, descrevendo os principais personagens e incidentes que se relacionam com a protagonista Kaoru. Observamos que a narrativa é composta por histórias relativamente independentes, mas que têm como fio condutor a mudança das estações e de Kaoru à caminho de seu próprio bem-estar. Posteriormente, analisamos os conceitos de percepção, tempo-espaço e bem-estar em relação à série. Descobrimos que os aspectos psicológicos do bem-estar estão envolvidos com o arco narrativo de Kaoru, com a maneira com que ela eleva sua autoestima e escapa das pressões sociais. Com Okano (2012), entendemos a relevância do conceito japonês de Ma, intervalo potencial, para favorecer nossa imersão no contexto da história. Essa percepção também está presente na construção do ritmo e dos intervalos que fornecem um espaço próprio de apreciação e expansão das emoções. Como resultado da pesquisa, compreendemos que o bem-estar é vasto e subjetivo, necessitando de um espaço como o Ma que permita nossa aproximação, sendo ativado pela atenção ao aqui e agora, potencializado pelos sentidos, pela positividade e pelas referências culturais. |