A constituição do sujeito infantil moderno na cultura impressa portuguesa do século XVIII

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cruz, Fernando Cezar Ripe da
Orientador(a): Amaral, Giana Lange do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/14710
Resumo: A tese de doutoramento, inscrita no campo da História da Educação, problematiza a constituição do sujeito infantil moderno por meio das práticas discursivas presentes na cultura impressa portuguesa do final do século XVII e ao longo de todo o século XVIII, em especial em obras que foram escritas e/ou traduzidas por religiosos, médicos e pedagogos, que, entre outros, estabeleceram um conjunto de normas coletivas para educar e criar as crianças. No período, os discursos que enunciavam modos de andar, de gesticular, de falar, de brincar, de cultivar amizades, de se portar à mesa, de dormir, de rezar, de inibir partes do corpo, de estudar, etc. foram elaborados, discutidos e confrontados por diferentes agentes letrados que pretendiam promover um processo de controle das condutas sociais, produzidas por um certo regime de educabilidade, que visava à promoção de uma sociedade com regras e interdições. Tais enunciados emergem em diferentes situações e contextos, dando nota da relevância de percebê-los em suas mudanças ocorridas tanto nos campos médicos e pedagógicos, como ao longo do processo de transformação dos modos de viver no universo cristão do Antigo Regime português. Tomamos como conceito de educação o processo social de modelação de hábitos, costumes e valores, cuja finalidade é alcançar determinados propósitos por meio de regimes específicos de educabilidade. Deste modo, trata-se de uma pesquisa histórica fundamentada na filosofia e na historiografia francesa e portuguesa – notadamente inspirada nas proposições de Michel Foucault – para examinar, no entendimento moderno, as práticas e formações discursivas, os dispositivos, o governamento e a inteligibilidade de um longo período nos processos de constituição do sujeito infantil. Nesse sentido, defende-se como hipótese a possibilidade de a infância ter se constituído discursivamente através do dispositivo da cultura impressa, influenciada por um pensamento moderno que oscilava entre o científico e o religioso, a partir de orientações prescritas em algumas obras publicadas e/ou traduzidas em Portugal nos séculos XVII e XVIII, com a intenção de produzir específicos modos de ser sujeito infantil moderno, fundamentado em um conjunto de técnicas, de saberes e poderes que incitaram a operar modificações no corpo, na consciência e na alma dos sujeitos infantis.