Artes de fazer o mundo e performances negras em Pelotas: “reinventando memórias”.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sant'Ana, Maria Helena
Orientador(a): Cerqueira, Fábio Vergara
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/6198
Resumo: Esta Tese é etnografia do modo como coletivos negros da cidade de Pelotas, de gerações e espaços de atuação diferentes, divergem quanto aos modos de interpretarem os processos de duração no tempo e transmitirem construções de memórias coletivas e sociais. Como pesquisa de “memórias coletivas negras” na cidade, torna-se também, pesquisa interpretando diferentes versões “negras” da própria “memória” de Pelotas. A tese divide-se, então, em duas partes. Na primeira, etnografa como memórias difusas e intertextualizadas da cidade tramam seus mitos de fundação, ancorados na experiência da escravidão instituída com as charqueadas no século XIX, refigurando-os em paisagens mórbidas, povoadas de “energias” e “espíritos” que “vibram” na topografia da cidade. Memórias que aparecem como composição de uma simbólica do mal inaugural, contraponto a uma visão dominante branca e elitista na cidade de seu apogeu “aristocrático”, “refinado” e “urbanizado” dada dobre mesma época passada. Os frequentadores dos clubes negros da cidade, de gerações mais velhas, tendem a neutralizar a “dor” e o “mal” da desumanização da escravidão em seus filtros memoriais, num trabalho de silenciamento da memória, tramando uma duração desde um tempo festivo e instituinte de socialidade associativa nas formas carnavalescas, festivas e edificantes dos clubes. Sobre o fundo difuso da topografia habitada de “espíritos” e “energias vibrantes” o coletivo Odara, de ação estética, reflexiva e política centrada na dança afro, age e dramatiza o tempo refigurado pela filiação de uma duração desejada como afrorreferenciada, que performatiza através da dança no sentido de transcender e restaurar o mal da experiência do ancestral escravo. Questionando os processos de transmissão de memórias silenciadas, os integrantes do Odara aderem aos movimentos afrocentrados de pesquisa de memórias negras e concebem formas de “reinvenção da memória”, colocando-se na perspectiva poética e pragmática de produzir restaurações no tempo, a partir de uma ideía-memória diaspórica.