A grafia de sílabas complexas na aquisição da escrita: relações entre fonologia e ortografia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pachalski, Lissa
Orientador(a): Miranda, Ana Ruth Moresco
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Centro de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/7458
Resumo: Esta pesquisa buscou descrever e analisar a grafia de onset e de rima ramificados em textos de crianças em fase de aquisição da escrita, estabelecendo relações com a aquisição fonológica dessas estruturas e com a teoria fonológica, a fim de compreender a motivação dos erros (orto)gráficos que as crianças produzem nas estruturas silábicas complexas. Foram analisados, quanti e qualitativamente, dados extraídos de 280 textos espontâneos produzidos por crianças estudantes do 1º Ciclo do Ensino Fundamental (1º a 5º anos) de uma escola pública da rede municipal da cidade de Pelotas/RS. Os textos foram coletados em 2014 e em 2015, e integram o Banco de Textos de Aquisição da Linguagem Escrita (BATALE). No que se refere às estruturas silábicas estudadas, foram considerados: em onset complexo, os grupos consonantais formados por lateral e rótica, nos moldes CCV e CCVC; em rima ramificada, os segmentos lateral, nasal, fricativo e rótico em posição medial na palavra, nos moldes VC, CVC e CCVC. O efeito das variáveis independentes (i) tipo de estrutura silábica, (ii) tipo de segmento, (iii) tipo de erro (orto)gráfico e (iv) ano escolar foi testado sobre a frequência de ocorrência dos erros (orto)gráficos encontrados nos textos. Em relação a (i), verificou-se que os erros (orto)gráficos são significativamente mais frequentes em rima ramificada do que em onset complexo; em relação a (ii), verificou-se que os erros (orto)gráficos são influenciados pelo tipo de segmento presente na rima ramificada, sendo que a grafia das consoantes lateral e nasal concentra significativamente mais erros do que a grafia das consoantes fricativa e rótica; em relação a (iii), verificou-se, para a rima ramificada, que no primeiro período do 1º Ciclo do EF (1º a 3º anos), os erros de natureza fonológica são significativamente mais frequentes do que os erros de natureza ortográfica; já no segundo período do 1º Ciclo do EF (4º e 5º anos), os erros de natureza ortográfica são significativamente mais frequentes que os erros de natureza fonológica. Também aferiu-se que a omissão é o tipo de erro de natureza fonológica mais frequente em ambas as estruturas silábicas analisadas, sendo que, na rima ramificada, a substituição também tem importância significativa, embora secundária em relação à omissão; em relação a (iv), por fim, verificou-se que a frequência de erros (orto)gráficos em onset complexo apresenta diferenças significativas entre o 1º ano e o 3º ano do EF. A partir de tais resultados, concluiu-se que os erros ortográficos em sílabas complexas produzidos por crianças em fase de aquisição da escrita podem apresentar três tipos de motivação não mutuamente excludentes: (i) a explicitação incompleta da relação entre os constituintes silábicos onset complexo e rima ramificada e a camada fonêmica da língua; (ii) nos casos da grafia de nasal e de lateral em rima ramificada apenas, o conflito entre a fonologia infantil e a fonologia do sistema ortográfico, sendo esta última equivalente à fonologia de adultos alfabetizados, as quais preveem estatutos distintos para as estruturas com nasal e lateral; (iii) nos casos da grafia de nasal e de fricativa em rima ramificada apenas, os conhecimentos relacionados a regras ortográficas contextuais e arbitrárias.