Memórias traumáticas da ditadura civil-militar no Brasil e na Argentina a partir dos usos de retratos de mortos e desaparecidos nas Instituições de Memória e Manifestações Sociais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Dias, Katia Helena Rodrigues
Orientador(a): Michelon, Francisca Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8094
Resumo: A pesquisa doutoral apresentada nesta tese teve como objeto de estudo os usos atribuídos aos retratos de mortos e desaparecidos das ditaduras civis-militares ocorridas no Brasil (1964–1985) e na Argentina (1976–1983). A violência política proveniente do Estado teve como saldo traumático um clima generalizado de terror na sociedade daquela época e vitimou, de forma direta e indireta, centenas de milhares de pessoas, entre as quais muitas estão mortas ou desaparecidas. Restaram as memórias traumáticas de um passado recente que se apresenta entre a dicotomia do lembrar e do esquecer e a luta por reparação. O campo de observação da pesquisa teve como ponto de partida o contexto mencionado e os processos de transição política e redemocratização de cada país. Nesse sentido, é importante destacar o papel dos atores sociais como protagonistas e sujeitos ativos nos processos reivindicatórios de memória, verdade e justiça dos contextos relativos às memórias traumáticas provenientes do período autoritário e repressivo das ditaduras civis-militares nesses países. Observou-se que esses sujeitos utilizam retratos como instrumento de testemunho, denúncia e luta pela memória daquele passado. Buscou-se conhecer em que medida esses retratos, os quais foram incorporados na cena pública como potentes dispositivos de sensibilização e transformação de sentidos, impactaram na consolidação das políticas de memória de cada um dos países. A metodologia empregada no trabalho foi o estudo comparativo oportunizado pela pesquisa de campo aplicada na análise dos usos atribuídos aos retratos. Tal método demostrou-se útil ao comparar dois casos similares em seus contextos de origem e nos usos dados aos retratos inseridos nesse campo de observação e indicou as seguintes fontes: a) retratos expostos nas Instituições de Memória provenientes das políticas de memória; e b) retratos empunhados ou carregados nas Manifestações Sociais organizadas a partir dos atores sociais em conjunto com a sociedade. Em ambos os casos essas ações tiveram o propósito de dar visibilidade à memória da ditadura e ao que ela representou, além de homenagear as vítimas. O uso intensificado e continuado dos retratos de mortos e desaparecidos, o modo como eles são apresentados, a carga de emoção agregada e a visibilidade dada aos usos podem ter contribuído para uma maior sensibilização à causa relativa às memórias traumáticas e às violações de direitos humanos e, portanto, maior solidarização da sociedade de um país em comparação à de outro. Essa visibilidade e esse apoio foram fundamentais para a formulação e implementação de políticas de memória e os retratos foram utilizados como potentes instrumentos reivindicatórios de reparação, reconhecimento e não esquecimento.