Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Moura, Lisandro Lucas de Lima |
Orientador(a): |
Magni, Cláudia Turra |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Antropologia
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Departamento: |
Instituto de Ciências Humanas
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8005
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Resumo: |
Esta tese pretende discutir as noções de aprendizagem presentes no contexto do candombe afro-uruguaio, considerado uma das mais importantes manifestações culturais da música afro-latino-americana. O candombe é praticado, principalmente, no ambiente da rua por meio de llamadas, desfiles e salidas protagonizadas por comparsas carnavalescas. Trata-se de uma manifestação coletiva secular cuja sonoridade é marcada pela presença dos tambores piano, chico e repique, os quais são acompanhados por um corpo de baile em cortejo. A intenção de estudar os modos de engajamento aprendiz, próprios das comunidades candomberas afrodescendentes do Uruguai, surgiu do meu envolvimento na criação e formação de um coletivo de candombe na cidade de Bagé (RS), fronteira com o Uruguai, fruto das políticas culturais de integração binacional promovidas por integrantes do Ponto de Cultura Pampa Sem Fronteiras. As ações criadas em torno do projeto Tambor Sem Fronteiras me levaram a participar, como tamborileiro aprendiz, de diferentes comparsas do Uruguai: Kamunda (Melo), Biricunyamba (Rivera), Llave13 (Melo) e Balelé (Montevideo). Desse modo, mediante um trabalho de campo composto por movimentos errantes, intercâmbios e cruces de tambores na fronteira entre Brasil e Uruguai, fui mapeando diferentes habilidades técnicas, corporais e perceptivas experienciadas ao longo do percurso e que configuram uma maneira própria de educação. Tais habilidades, no entanto, não são fornecidas de maneira precisa por meio de informações, conteúdos e/ou representações sociais, e tampouco se pode dizer que existe uma fronteira nítida entre quem ensina e quem aprende. A ideia compartilhada por tamborileiros de que “el candombe no se escribe en un papel”, porque es un sentimiento, bem como a premissa de que no candombe ninguém ensina nada a ninguém, indica os limites conceituais da aprendizagem concebida unicamente como resultante das intenções e ações humanas. Proponho, desse modo, um deslocamento de perspectiva, não mais restrita à relação entre pessoas que ensinam e pessoas que aprendem, e passo a considerar o mundo próprio dos tambores chico, repique e piano na formação dos tamborileiros e na própria composição dos modos candomberos de aprender. Seguindo as orientações da antropologia da vida de Tim Ingold e de alguns pressupostos da abordagem ecológica das práticas, situo as relações de aprendizagem no candombe não como formas de “transmissão cultural”, mas como “práticas de atenção” (INGOLD, 2015a, 2018) direcionadas ao diálogo polirrítmico dos tambores e ao conjunto de intensidades afectantes envolvendo as ambiências e atmosferas próprias do evento das llamadas. Os desafios da pesquisa passam, assim, pela composição de uma teoria etnográfica da aprendizagem candombera que repousa na correspondência entre corpo, ritmo e ambiente, bem como na sinergia entre tamborileiros e os elementos materiais que compõem os três tambores e que os fazem sonar con fuerza. Por essa razão, optei por seguir e apresentar situações envolvendo peles e madeiras, fogo e sangue, palos e talíns. |