Psicologia platônica: imortalidade, tripartição e as consequências do desejo.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Palma, Matheus Giacomini
Orientador(a): Hobuss, João Francisco Nascimento
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Departamento: Instituto de Filosofia, Sociologia e Politica
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5327
Resumo: O objetivo do trabalho consiste em uma exegese do conceito de alma presente na filosofia de Platão. Estudar a alma nesse autor é adentrar em suas concepções psicológicas, as quais são divididas entre imortalidade, tripartição e suas relações com o desejo. A imortalidade da alma é fundamentada a partir do fenômeno cíclico que ela atinge entre a vida e a morte, isto é, entre uma encarnação e outra. Enquanto não está encarnada, ela apresenta um caráter cognitivo o qual permite que ela contemple as Formas que podem ser rememoradas durante a encarnação, o que possibilita o fenômeno do sujeito compreender que algo é igual, belo e tudo aquilo que participa daquilo que é imutável. Como as Formas são necessariamente a causa de tudo aquilo que não pertence ao mundo inteligível, a alma carrega em sua formação a Forma da Vida, a qual não pode admitir ao mesmo tempo a morte, o que garante o status de sua imortalidade. O conceito de alma adquire uma nova formulação no livro IV da República, pois se antes ele possuía a característica de unidade racional, no diálogo posterior ao Fédon, ela ganha a característica de ser tripartite. O elemento racional, o irascível e o apetitivo consistem em as três partes da alma, as quais são fundamentais para analogia política. Com o abandono do caráter unitário da alma, o corpo é desresponsabilizado por qualquer causa do desejo, pois o desejar racional ou o apetitivo são atribuições somente da alma. A alma do sujeito que contém a virtude da justiça permite que cada parte da alma funcione de acordo com sua natureza, ou seja, o elemento racional no comando, tendo como aliado a parte irascível, que juntas comandam a maior parte da alma, o elemento apetitivo. Com a refinação do conceito de alma, cada parte promove impulsos no sujeito para que busque o prazer respectivo de cada uma. O prazer da parte racional consiste no aprender, a do irascível nas honras e no apetitivo desde os prazeres da comida, bebida e sexo, como também aqueles inaceitáveis perante a lei. Todo o desejo é um vazio e a tentativa da obtenção de prazer consiste em um movimento de repleção que somente aquele que busca o prazer na sabedoria atinge uma espécie de plenitude. Os desejos provenientes das partes apetitiva e irascível consistem em objetos de prazeres falsos, pois esses não pertencem ao mundo inteligível, constituindo somente simulacros. Com a analogia política, o autor demonstra as consequências daquele que se direciona para o caminho da virtude ou do vício. O filósofo é o mais feliz de todos porque é o único capaz de preencher o vazio do seu desejo com o que é real, enquanto o tirano ocupa o contrário desta figura, pois nunca consegue abandonar seu vazio, pois só consome objetos afastados do ser, garantindo assim, sua infelicidade e insaciabilidade.