Quando ignorância é força: ética e o vazio da experiência humana em distopias dos séculos XX e XXI

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Basso, Eugênia Adamy
Orientador(a): Marques, Eduardo Marks de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/14366
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os desdobramentos da ética nos romances distópicos Nós (1924), de Evgeni Zamiátin, Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley, 1984 (1949), de George Orwell, Fahrenheit 451 (1953), de Ray Bradbury, A Parábola do Semeador (1993), de Octavia Butler, Oryx e Crake (2003), O Ano do Dilúvio (2009) e MaddAddão (2013), trilogia de Margaret Atwood, Não me abandone jamais (2005), de Kazuo Ishiguro, e Jogos Vorazes (2008), de Suzanne Collins, fundamentando-se na tese de que, em contextos de distopia, se estabelecem diferentes configurações de crise ética por conta de tensões entre a ideologia de instituições dominantes e a liberdade do sujeito, de modo a se promover a pobreza da experiência como estratégia de manutenção do poder. Para este estudo, partiu-se de uma divisão cronológica do corpus literário entre obras da primeira metade do século vinte e deste ponto adiante, baseando-se nos diferentes contextos políticos, históricos e sociais de publicação que possivelmente influenciaram o gênero literário. O primeiro grupo de obras tem como elemento principal a utopia do totalitarismo resultante de um cenário de pós-guerra, fome, progresso científico, surgimento e ascensão do nazismo; o segundo grupo traz a utopia do transumanismo e do progresso científico capitalista oriundo de um momento em que o capitalismo avança rumo ao neoliberalismo, estando em destaque a marginalização social e a exploração ambiental. A partir de então, realizou-se uma análise dos conceitos de ética trabalhados por diferentes teóricos, de modo a chegar-se ao entendimento de que a ética é o exercício do pensamento sobre as atitudes da conduta humana em prol do respeito e da alteridade. Com base nesse argumento, ao fim deste estudo percebeu-se que em ambos os grupos de distopias há um denominador comum: em qualquer cenário distópico, seja em espaço de Estado totalitário ou Estado descentralizado, os indivíduos são esvaziados de sua subjetividade e preenchidos com uma ideologia moral que controla o experienciar dos sujeitos e que toma o espaço da ética na vida do indivíduo.