"Agora quando eu olho pra ele, ele sorri pra mim, porque a gente começou a ser amigo": o que fazem juntos bebês e crianças mais velhas em uma escola de Educação Infantil.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Castelli, Carolina Machado
Orientador(a): Delgado, Ana Cristina Coll
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/prefix/2939
Resumo: Ao constatar a necessidade de estudos voltados às relações entre bebês e crianças de diferentes idades, bem como de sua maior promoção na escola infantil, esta pesquisa se propôs a investigar as relações estabelecidas entre bebês de uma turma de Berçário 2 e crianças mais velhas em uma escola de educação infantil. Também coube investigar em que tempos-espaços essas relações foram estabelecidas; que papéis os adultos desempenhavam frente a elas; que implicações as mesmas apontaram ao currículo da Educação Infantil; e que relações os bebês estabeleciam entre si. O referencial teórico do estudo abrangeu os Estudos da Criança, principalmente pelas contribuições da Sociologia da Infância, da Antropologia da Criança, da Psicologia Cultural e da História da Infância, além de autores da Filosofia e da Educação. Foram centrais o desenvolvimento da ideia de geração (FORQUIN, 2003; SARMENTO, 2005b) e de seus desdobramentos, a compreensão sobre as culturas infantis e seus eixos – interatividade, ludicidade, fantasia do real e reiteração (SARMENTO, 2003; 2004) e a desconstrução da neutralidade e da rigidez da noção de idade (ARIÈS, 1981; ROGOFF, 2005; LLORET, 1997). A geração dos dados, termo utilizado em consonância com Graue e Walsh (2003), foi realizada em uma escola de educação infantil filantrópica do município de Pelotas/RS e se deu, sobretudo, por meio de observações com registros escritos, fotográficos e, em especial, audiovisuais, além de conversas informais. A investigação, identificada com a etnografia, foi inspirada no que Erickson (1986) propõe como pesquisa interpretativa, sendo, como defende Mayall (2005), desenvolvida não sobre, mas com as crianças. As relações dos bebês e crianças mais velhas tiveram maior espaço dentro de um projeto proposto pela turma do Pré 1, mas também ocorreram com estas crianças e com as crianças das turmas dos Maternais 1 e 2 em ocasiões variadas (como no pátio e no refeitório). Por meio dos encontros, foi possível perceber: bebês e crianças mais velhas (re)elaborando suas culturas infantis, especialmente através de brincadeiras; bebês observando outros bebês e crianças mais velhas e participando junto a eles em situações de aprendizagem; bebês e crianças de outras idades iniciando amizades; a valorização dos bebês mais novos; e a enorme disponibilidade das crianças mais velhas em cuidar e dar carinho aos bebês. Todas essas possibilidades que emergiram dos encontros, juntamente com posturas docentes mais abertas a romper com a lógica escolar consolidada, ajudaram a destacar que, assim como aponta Rogoff (2005), as diferenças culturais decorrentes do envolvimento de crianças de idades/subgerações variadas são importantes para as relações sociais que as crianças desenvolvem, o que evidencia a necessidade de que sejam ampliados os tempos-espaços para a promoção de relações multietárias/intersubgeracionais na escola infantil.