Violência contra a mulher perpetrada pelo parceiro íntimo e suas implicações na prevenção do câncer de colo do útero

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Leite, Franciéle Marabotti Costa
Orientador(a): Gigante, Denise Petrucci
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/14292
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo analisar a violência contra a mulher perpetrada pelo parceiro íntimo em usuárias de unidades de atenção primária em saúde do município de Vitória, Espírito Santo. Os dados foram coletados através de um estudo transversal realizado em 26 unidades de saúde que possuem Estratégia de Saúde da Família e/ou Programa de Agentes Comunitários de Saúde. A amostra foi composta de 991 mulheres, na faixa etária de 20 a 59 anos, que possuem ou tiveram parceiro íntimo 12 meses anteriores à entrevista. Foi utilizada a técnica de entrevista com registro em formulários em três blocos, sendo o primeiro com questões relacionadas à participante: aspectos demográficos, ginecológicos, obstétricos, comportamentais e classe econômica. O segundo bloco com características demográficas e comportamentais do parceiro íntimo atual/mais recente e, no terceiro, questões de identificação da violência perpetrada pelo parceiro íntimo, onde foi aplicado o instrumento intitulado World Health Organization Violence Against Women. Os resultados mostram que as prevalências de violência foram: psicológica 25,3% (IC 95%: 22,6-28,2); física 9,9% (IC 95%: 8,1-11,9) e sexual 5,7% (IC 95%: 4,3-7,3). A violência psicológica manteve-se associada à escolaridade, situação conjugal, histórico materno de violência por parceiro íntimo, violência sexual na infância e ter feito uso de drogas, enquanto a agressão física esteve relacionada à idade, escolaridade, situação conjugal e a história materna de violência por parceiro íntimo. A violência sexual foi mais frequente nas mulheres de menor renda e que sofreram abuso sexual na infância. Além disso, os resultados também evidenciam que mulheres que sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses estão mais propensas a ter o exame de Papanicolaou em atraso (p = 0,002). Vítimas de violência sexual e física têm, respectivamente, 1,53 e 1,44 vezes mais prevalência de não realização do exame quando comparadas às não vítimas. Pode-se concluir que as violências psicológica, física e sexual apresentaram alta magnitude entre as mulheres usuárias dos serviços de atenção primária à saúde. Mulheres em situações de violência constituem um grupo vulnerável à não realização do Papanicolaou, e alguns fatores sociodemográficos, comportamentais e as experiências pessoal e materna de violência possuem influência na ocorrência do fenômeno.