Contribuições ao conhecimento biogeográfico de Mesembrinellidae e estudo faunístico de Calliphoridae e Mesembrinellidae (Diptera: Oestroidea) no sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Vargas, Laura Viana
Orientador(a): Marinho, Marco Antonio Tonus
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Entomologia
Departamento: Instituto de Biologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8931
Resumo: Calliphoridae e Mesembrinellidae (Diptera: Oestroidea) são famílias de dípteros caliptrados. Os califorídeos têm distribuição mundial e importância para a entomologia forense e medicina veterinária, pois suas larvas possuem hábito saprófago ou ectoparasítico de mamíferos. Já os mesembrinelídeos distribuem-se exclusivamente na Região Neotropical, apresentando potencial para uso como bioindicadores, ocorrendo quase exclusivamente em áreas florestais. O conhecimento da fauna destas famílias no Rio Grande do Sul é ainda incipiente, assim como são poucos os estudos sobre os padrões biogeográficos para estes grupos na região Neotropical, em especial para Mesembrinellidae. Neste contexto, a primeira parte desde trabalho teve como objetivo realizar um estudo da fauna destas famílias em duas localidades do Rio Grande do Sul, uma no Horto Botânico Irmão Teodoro Luis, localizado no município de Capão do Leão, e outra na Floresta Nacional (FLONA) de São Francisco de Paula. Foram realizadas coletas utilizando quatro armadilhas Van Someren-Rydon iscadas com fígado bovino ou de galinha. No Horto Botânico, as coletas foram realizadas mensalmente, com exposição das armadilhas por sete dias, durante um ano (08/2018 a 08/2019). Na FLONA, a coleta realizada foi de caráter pontual, no período de 13/04 a 03/05/2019 (21 dias). No Horto Botânico, foram coletados 604 indivíduos, sendo a espécie mais abundante Lucia eximia (57,3%), seguida por Chrysomya albiceps (21,0%). Na FLONA, foram coletados 243 indivíduos, sendo a espécie mais abundante L. eximia (71,2%), seguida por Hemilucilia semidiaphana (18,5%). Indivíduos de Mesembrinellidae foram coletados apenas na FLONA. No Horto Botânico, observou-se a variação temporal no perfil das espécies, sendo que a maior riqueza foi encontrada no outono e primavera. A segunda parte do trabalho objetivou realizar uma análise biogeográfica para Mesembrinellidae. Para tanto, dados de ocorrência das 53 espécies viventes conhecidas da família foram compilados a partir da literatura e de material disponível no Laboratório de Genética e Evolução de Insetos (LEGIN), do IB/UFPel. Os dados de ocorrência foram utilizados na elaboração de mapas de distribuição e incorporados às análises biogeográficas conduzidas com o software BioGeoBEARS, utilizando os modelos DEC, DIVA-like e BAYAREA. Para as análises, foi utilizada uma árvore filogenética com estimativa de tempos de divergência extraída de uma análise ainda não publicada das relações filgenéticas em Oestroidea, conduzida com o software BEAST. Os resultados das análises mostram que Mesembrinellidae originou-se há ~38 milhões de anos atrás, sendo que a linhagem ancestral da família parece ter se estabelecido e diversificado inicialmente na porção noroeste da América do Sul, associada à Floresta Amazônica e à Cordilheira dos Andes. A colonização de áreas mais periféricas da região Neotropical, como a América Central e a Mata Atlântica, ocorreu mais recentemente, coincidindo, respectivamente, com os períodos de formação do Istmo do Panamá e da existência de interconexões históricas entre a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica.