A produção da lateral pós-vocálica em uma comunidade bilíngue: aspectos do Português sob a influência do Polonês como língua de imigração

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Vieira, Aline Rosinski
Orientador(a): Gonçalves, Giovana Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Centro de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4469
Resumo: Este estudo busca descrever acústica e articulatoriamente a produção da consoante líquida lateral /l/ em posição pós-vocálica na fala de uma comunidade caracterizada pela utilização do Polonês como língua de imigração. Nas regiões rurais do Sul do Brasil influenciadas por línguas de imigração, Altenhofen e Margotti (2011) indicam haver uma conservação desse segmento em final de sílaba, sendo produzido, portanto, como menos velarizada ou alveolar. O segmento apresenta, assim, uma caracterização acústica marcada por valores maiores para o segundo formante (F2) em relação a produções mais velarizadas (NARAYANAN, 1997). Articulatoriamente, produções menos velarizadas são realizadas com movimento anterior de corpo de língua, indicando um gesto apical mais proeminente em relação ao gesto de dorso de língua (RECASENS, 2004, 2016). Para a descrição do segmento lateral, foram observados dados de 12 sujeitos do sexo feminino, tendo entre 15 e 59 anos, dentre os quais seis são bilíngues Polonês-Português e seis caracterizam-se como monolíngues, falantes de Português. Todos os sujeitos são habitantes da comunidade de Barra do Arroio Grande, localizada no interior do município de Dom Feliciano-RS. A coleta de dados, ocorreu em duas etapas. Na primeira, destinada à análise acústica, os sujeitos foram induzidos à fala espontânea por meio de lista de perguntas pré-estabelecidas. Após a coleta de fala espontânea, foram apresentados dois instrumentos de nomeação de imagens, que permitiram a produção de vocábulos em Polonês e em Português, inseridos em frases-veículo. Os dois instrumentos possibilitaram a produção de /l/ em sílabas medias e finais tônicas. Em se tratando dos contextos vocálicos, o primeiro instrumento permitiu a produção da lateral em contexto das sete vogais do Português e o segundo instrumento, em contexto das cinco vogais do Polonês. Cada um dos instrumentos foi apresentado seis vezes ao sujeito. Para gravação dos dados, foi utilizado um gravador digital modelo Zoom H4n. Na segunda etapa, os dados foram coletados por meio de nova apresentação dos instrumentos de imagens, cujos vocábulos foram produzidos de forma isolada. Nessa etapa, destinada à análise articulatória, além dos dados de áudio, a imagem articulatória das produções dos sujeitos foi registrada com a utilização do aparelho ultrassonográfico modelo Mindray DP 6600 equipado com sonda micro-convexa, sendo a captação dos dados auxiliada pela utilização do capacete estabilizador de cabeça, desenvolvido pela Articulate Instruments. A fim de testar a metodologia de coleta estabelecida, foi realizada coleta piloto, que ocorreu no Laboratório Emergência da Linguagem Oral, localizado no Centro de Letras e Comunicação da Universidade Federal de Pelotas. Os demais dados de produção de /l/ foram coletados na própria comunidade de fala. Para a análise acústica dos dados, foram considerados os valores de F1, F2, as diferenças entre os valores do primeiro e do segundo formante e a duração do segmento. Para a análise articulatória, considerou-se o ponto máximo de constrição do articulador, de modo a identificar uma produção mais anterior ou mais posterior. Os resultados revelaram uma velarização gradual para a lateral pós-vocálica, ocorrendo em menor grau para informantes bilíngues, principalmente nos dados de fala espontânea. Para os monolíngues, /l/ apresentou um grau de velarização maior. Pela análise articulatória, a gradualidade para a velarização de /l/ foi confirmada, tendo, o segmento, gestos de recuo de dorso e abaixamento de corpo de língua coordenados para formas mais velarizadas, e de ponta e corpo de língua concomitantes em produções menos velarizadas.