A desconstrução do machismo pela linguagem: ordens de indexicalidade e outscalings motivados pelo movimento feminista no Facebook

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Cabral, Clarice Regina de Souza
Orientador(a): Freitas, Letícia Fonseca Richthofen de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Centro de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4067
Resumo: No atual panorama social da modernidade tardia, percebemos o crescimento no índice de reflexões e discussões sobre desigualdade de gênero, com o auxílio da popularização do uso da Internet e aumento de usuários ativos na Web 2.0 e suas redes sociais. Com isso, os grupos do(s) movimento(s) feminista(s) possuem mais espaços para realizar questionamentos sobre as opressões vividas pelas mulheres na sociedade e, a partir disso, desconstruir Discursos que regulamentam e ferem corpos e comportamentos femininos. Desta forma, a luta feminista ganha maior visibilidade e possibilidade de atingir as diversas camadas sociais. Assim, se apresenta de maneira urgente compreender os embates discursivos que emergem nestes espaços, concebendo que a linguagem é constituidora do ser e, portanto, criadora, reafirmadora e modificadora de realidades da vida prática/virtual (MOITA LOPES, 2006). Objetivamos, com este estudo, analisar Discursos que buscam controlar o comportamento feminino, criando verdades, efeitos de sentido e consequências nas práticas sociais, a partir dos comentários de postagens em páginas feministas da rede social Facebook. Para tanto, nos embasamos nos preceitos da Linguística Aplicada Transgressiva (PENNYCOOK, 2006), que possui uma agenda de pesquisa com compromisso ético ao tratar da vida social, apontando seu olhar para os sujeitos que se encontram às margens e transgredindo fronteiras disciplinares convencionais, a fim de dar voz aos sujeitos de pesquisa e significar os processos socioculturais que atravessam suas vidas. Para análise de dados, nos apoiamos nos pressupostos metodológicos da etnografia digital (HINE, 2000) e utilizamos as teorias das escalas sociolinguísticas, ordens de indexicalidade e outscalings propostos por Blommaert (2010a), a fim de entender o percurso dos d/Discursos (GEE, 1999) analisados no EspaçoTempo. A pesquisa aponta que, nos debates selecionados, foram mobilizados Discursos como a maternidade compulsória, pressão social pela performance de feminilidade da mulher, Discursos esses que relacionam respeito e caráter feminino de acordo com as roupas utilizadas ou número de parceiros em suas vidas. Além disso, mobilizaram ordens de indexicalidade de padronização de comportamento feminino para que as mulheres sejam socialmente aceitas, e de culpabilização da mulher em casos de crimes de cunho sexual, violências e assédio. Por fim, a investigação nos mostrou que as mulheres feministas problematizam os Discursos em circulação no macro espaço e questionam essas verdades no micro espaço, utilizando a estratégia de contar narrativas autobiográficas a fim de criar outscalings e modificar os Discursos que normatizam os comportamentos femininos na sociedade.