Avanços no estabelecimento de bases para o desenvolvimento de vacinas recombinantes contra a leptospirose

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Barbosa, Liana Nunes
Orientador(a): McBride, Alan John Alexander
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia
Departamento: Centro de Desenvolvimento Tecnológico
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/9174
Resumo: A leptospirose é uma zoonose de incidência mundial causada por leptospiras patogênicas. O crescimento in vitro de espécies patogênicas de Leptospira permanece difícil e pode ser um processo demorado. Uma importante contribuição para a microbiologia do gênero Leptospira foi o desenvolvimento do meio de cultura EMJH (Ellinghausen-McCullough-Johnson-Harris), que possibilitou o cultivo de diversas cepas fastidiosas e tornou-se um meio amplamente utilizado na área. Entretanto, o conhecimento acerca da influência do crescimento in vitro na virulência leptospiral é limitado, o que pode resultar em culturas bacterianas com virulência alterada e influenciar os testes com vacinas candidatas. Vacinas recombinantes têm sido estudadas como uma alternativa promissora para o controle da leptospirose, porém poucos antígenos apresentaram o potencial para compôr uma vacina universal contra a doença. Novas abordagens na fase de descoberta, incluindo a vacinologia reversa (RV) e estrutural (SV), imunoprecipitação de superfície celular (CSIP) e o uso de leptospiras ao hospedeiro têm sido utilizadas para identificar novas proteínas. Essas abordagens identificaram antígenos diferencialmente expressos com potencial imunogênico e que preditos como expostos na superfície celular. Esta tese apresenta quatro manuscritos sobre os desafios enfrentados nos estudos com vacinas recombinantes contra a leptospirose. Uma revisão de literatura publicada destacando esses tópicos na pesquisa de uma vacina recombinante para humanos também está incluída. O cultivo in vitro das cepas patogênicas de L. interrogans Fiocruz L1-130 e RCA e de L. kirschneri 61H foi utilizado para comparar duas composições diferentes de meio EMJH (comercial e caseiro), a 28°C e 37°C, usando três frascos diferentes. Posteriormente, o impacto das condições de crescimento in vitro foi avaliado da dose letal para 50% (DL50) no modelo hamster de leptospirose. Ambos os meios IHM e EMJH, incubados a 28°C, em tubos estáticos, proporcionaram as melhores condições de crescimento. Para o isolamento de leptospiras de amostras clínicas, o meio IHM ofecreceu uma melhoria significativa em comparação com o meio EMJH. O inóculo inicial mais baixo em IHM foi de uma leptospira em comparação com 1000 leptospiras para o meio EMJH, quando cultivadas nas seguintes condições: 28°C e tubos estáticos. Leptospiras em fase de crescimento exponencial (inicial, intermediário e tardio) foram altamente virulentas (a DL50 variou de uma a 13 leptospiras). Enquanto a virulência das leptospiras em fase estacionária foi significativamente reduzida em >250 vezes (DL50 >1000 leptospiras). Esses resultados nos permitiram desenvolver um protocolo otimizado para o cultivo in vitro de leptospiras virulentas. A cepa Fiocruz L1-130 foi utilizada para produzir leptospiras adaptadas ao hospedeiro pela técnica de DMC, seguida por CSIP (utilizando anticorpos em soros humanos de pacientes convalescentes com leptospirose) para identificar novas proteínas leptospirais. CSIP identificou 24 proteínas imunogênicas que foram preditas como localizadas na membrana externa de leptospiras. Destas, o potencial imunigênico das LICs 10496, 10881, 11086 foi avaliado no modelo de hamster de leptospirose aguda. Os alvos vacinais foram imunogênicos por western blot, no entanto, eles não induziramrespostas imunes protetoras contra a leptospirose. Em resumo, os resultados obtidos representam avanços na busca de vacinas recombinantes contra a leptospirose e devem contribuir para a avaliação de vacinas candidatas em modelos animais de leptospirose. Isso permite a comparação de resultados de diferentes laboratórios de pesquisa, uma grande limitação no momento.