De terno, gravata e algemas: o habitus empresarial na literatura erótica e a centralidade da ideia de empresa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rakow, Sabrina Sampaio
Orientador(a): Rodrigues, Marcio Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/9779
Resumo: Partindo da centralidade da empresa no mundo e a influência dos discursos e práticas empresariais para qualquer forma de organizar, percebemos o quão comum e apreciado passou a ser a ideia de empresa e a força que ela pode ter nos mais diversos espaços e campos, reforçando a generalização da ideia de empresa e o próprio processo de empresarização do mundo (RODRIGUES E SILVA, 2019). Neste trabalho, realizamos o esforço de pensar o poder da empresa através de um novo olhar teórico, associando-o aos estudos de Pierre Bourdieu, a fim de compreendê-lo como um conjunto de símbolos (comportamentos, regras, gostos, características, opiniões, estética e valores), um habitus (BOURDIEU, 1989), que estipula uma determinada ordem, um processo cultural tipicamente moderno e intensificado pelo neoliberalismo, que estabelece a forma como nós estamos no mundo, como nos relacionamos e nos identificamos com o mundo. Através do processo de produção e consumo da literatura erótico-empresarial, um subcampo da literatura erótica, nos deparamos com um conjunto de símbolos que contribuem para consolidar um novo habitus empresarial e, consequentemente, intensificar a ideia de empresa em nosso mundo. Este conjunto simbólico foi encontrado em dados coletados a partir de um universo fictício, composto por duas obras do referido nicho literário e os respectivos cenários, personagens e enredos e, também, um universo real, observado através da perspectiva de duas autoras do ramo e das respectivas consumidoras. Para além destas questões, os dados encontrados nos permitiram entender que o processo de empresarização, assim como o próprio habitus empresarial, que se apresenta através de instrumentos de divisão do trabalho, relações de dominação, de exploração, de consumo e de concorrência, ligados à ideia de igualdade, liberdade e progresso, principalmente econômico, se reforçam e recebem maior legitimidade quando associados às instâncias tradicionais de socialização, ultrapassando os aspectos racionais e chegando a um patamar transcendental, mantendo uma determinada ordem social e moral composta por comportamentos e valores que consolidam e sustentam um conjunto de posições sociais e as mais diversas formas de dominação presentes no mundo desde a antiguidade.