Gestos de autoria na produção escrita em espanhol de alunos intercambistas : efeitos da subjetivação na/pela língua do outro
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37840 |
Resumo: | Nesta tese, nos debruçamos sobre a relação entre escrit(ur)a e autoria em Língua Espanhola, a partir do aporte teórico-metodológico da Análise do Discurso pecheuxtiana, sobretudo os trabalhos de Pêcheux (1975, 1983 ), Orlandi (1984, 1988, 1996, 2006, 2012), Milner (1987), De Nardi (2007, 2008, 2009), Gallo (2001, 2008), Serrani (1998, 2000, 2003, 2005), Leandro-Ferreira (1999, 2000, 2003, 2005), Indursky (2001, 2006, 2009), Celada (2008, 2011) e Payer (2000, 2009, 2011). Partindo do pressuposto de que, enquanto função de todo sujeito, a autoria é inquestionável, mas, enquanto efeito do discurso, não o é, uma vez que só vamos tê-la quando o sujeito se inscreve em um discurso de escrita, ou seja, um discurso institucionalizado, com efeito de fecho e de unidade, resultado da prática de TEXUALIZAÇÃO, buscamos, mais especificamente, analisar os movimentos que constituem as formas de inscrição dos sujeitos-alunos em língua espanhola por meio dos seus diferentes gestos de autoria, que podem configurar a função-autor (nível enunciativo-discursivo) ou apontar para a produção do efeito-autor (nível discursivo) no espaço acadêmico. Para isso, restringimos o escopo de nossa pesquisa a um corpus constituído por sequências discursivas recortadas das práticas discursivas de estudantes do curso de Letras-Espanhol da UFRPE em situação de intercâmbio na Universidade de Buenos Aires (UBA). Em linhas gerais, nosso foco de investigação recaiu sobre a construção da autoria pelo viés da sintaxe do discurso, que possibilita observar a inscrição do sujeito na ordem da língua. Nesta trajetória, pudemos observar, também, como a posição assumida pelo professor, através do seu trabalho de correção/revisão, pode configurar uma autoria colaborativa/compartilhada ou resultar na interdição desse sujeito e seus gestos de autoria. Nessa mesma linha, trabalhamos na observação de como o discurso acadêmico, por seus modos de funcionamento, (im)possibilita a inscrição do sujeito no discurso e, consequentemente, a assunção da autoria que levaria à produção do efeito-autor. Os resultados interpretativos nos permitem fazer as seguintes afirmações: i) na aprendizagem de uma língua estrangeira, a língua materna se faz sempre presente, pois, durante o processo de arranjos e rearranjos, o sujeito precisa negociar, com o seu próprio repertório, as formas de dizer dessa nova língua e suas memórias discursivas para, assim, poder inscrever o seu dizer nessa nova rede do dizível; ii) na função leitor-autor, o funcionamento da leitura se dá por um movimento pendular, segundo o qual os sentidos sempre podem ser outros; já na função leitor-corretor, o movimento é cíclico, ou seja, ora aponta para o modo como o dizer do sujeito-aluno está estruturado, ora para a correção linguística desse dizer, condicionando a sua inscrição na língua estrangeira a aspectos puramente formais e, assim, os efeitos de sentidos produzidos por ele se desvanecem; iii) a escrita acadêmica exige do sujeito uma submissão às formas de dizer, visto que, quanto mais se exige do sujeito esse movimento de citação e referência a outras formulações para validar o seu discurso, menos propenso a se tornar autor do seu projeto discursivo ele estará; iv) a escola (e também o ambiente universitário) deve propiciar a assunção do sujeito à posiçãoautor, criando espaços para que, de um lado, o sujeito se coloque em suas mais diversas práticas discursivas, promovendo nas práticas de leitura e escrit(ur)a a relação do sujeito com a exterioridade e o desenvolvimento e controle dos mecanismos do processo discursivo e dos processos textuais que envolvem sua escrit(ur)a, e, por outro, o professor contribua significativamente nesse processo, colocando-se como leitor do texto produzido, dialogando com ele e não apenas corrigindo-o; v) a partir dos seus gestos interpretativos, o sujeito toma a palavra e se diz enquanto tal, produzindo, nessa outra língua, gestos de autoria que o levam a inscrever-se numa nova ordem e seu funcionamento. Enfim, são esses gestos que possibilitam ao sujeito produzir sentidos e não apenas reproduzi-los. |