Modos de saber-fazer e de resistir : os desafios dos produtores familiares de queijo de coalho artesanal no Agreste Pernambucano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: MEDEIRO, Inã Cândido de
Orientador(a): CAVALCANTI, Josefa Salete Barbosa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/52105
Resumo: Esta tese versa sobre a dinâmica socioeconômica das famílias produtoras de queijo de coalho artesanal ao terem que lidar e resistir às lógicas de modernização do campo, sobretudo reforçadas pelas regulações sanitárias. Baseadas em avaliações de qualidade e controles de riscos internacionais, essas formas de prescrições e controles externos geram uma série de dilemas e impedimentos para a produção, consumo e comercialização de queijo de coalho de leite cru no Agreste Pernambucano. Diante de tais imposições e levando em consideração o contexto da pandemia da Covid-19, a tese tem como objetivo principal compreender como as famílias produtoras desses territórios, principalmente dos espaços rurais de São Bento do Una, Capoeiras organizam o seu trabalho, sua sobrevivência e seu modo de vida. As situações vividas pelos produtores familiares para a elaboração e comercialização desses alimentos artesanais serão investigadas com base nas contribuições de teóricos que há décadas estudam o campesinato, como objeto legítimo das Ciências Sociais. Assim, optou-se por compreender as famílias que vivem na região produtora investigada para além do que se convencionou chamar de “camponeses puros” com foco em práticas e valores éticos e morais, que estão presentes em maior ou menor grau no cotidiano dos produtores de queijo, segundo uma articulação ambivalente entre a “tradição” e a “modernidade”. Como instrumentos teórico-metodológicos, a partir de uma abordagem qualitativa, privilegiou-se o uso da observação direta de estabelecimentos produtivos, feiras do queijo, entre outros; entrevistas semiestruturadas com produtores familiares, lideranças locais e agentes sanitários; e o levantamento prévio de documentos relacionados às normas sanitárias. A pesquisa de campo foi realizada de 2019 a 2022, sendo os dados obtidos por meio das observações nas unidades produtivas e de outras localidades com o uso do gravador de voz, os quais foram sistematizados no diário de campo e registros imagéticos. Posteriormente, os dados e as entrevistas em profundidade foram transcritos, o que possibilitou a categorização e análise do material obtido. Por fim, pode-se constatar que as famílias produtoras gozam de uma ética campesina e dos seus saberes-fazeres locais, que lhes garantem uma autonomia relativa para enfrentar os controles externos, sobretudo nas esferas atreladas às atividades agropecuárias, às trocas mercantis e aos cuidados multidimensionais presentes em cada unidade produtiva, como estratégia de reprodução socioeconômica. E, assim sendo, elas não assumem uma forma única e linear de atuação; essas variam conforme a dinâmica familiar, o ciclo de vida, os arranjos produtivos e os meios de resistência frente às pressões e controles externos sobre os seus territórios.