Distribuição espaço-temporal e ecologia alimentar das diferentes fases ontogenéticas de Achirus lineatus (Pleuronectiformes: Achiridae) no estuário do Rio Goiana (PE/PB) Resex Açaú/Goiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: JUSTINO, Anne Karen da Silva
Orientador(a): BARLETTA, Mario
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Oceanografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29645
Resumo: Este estudo teve por objetivo descrever o padrão de distribuição, ecologia alimentar e contaminação por microplásticos na população de Achirus lineatus do estuário do Rio Goiana em PE/PB em relação à variação espaço-temporal e ontogenética. O canal principal do estuário foi dividido em três áreas (superior, intermediária e inferior) levando em consideração o gradiente de salinidade e a morfologia do estuário. Foram realizadas 6 amostragens mensais em cada área durante um ciclo anual completo, que foi dividido de acordo com a sazonalidade local em início da chuva (março a maio), final da chuva (junho a agosto), início da seca (setembro a novembro) e final da seca (dezembro a fevereiro), totalizando 216 arrastos. No total, 2421 espécimes de A. lineatus foram coletados no canal principal do estuário do rio Goiana, com uma densidade média total de 122.2 ind. ha-1 e biomassa média 1143.3 g. ha-1. As fases ontogenéticas foram classificadas como juvenis (< 39 mm), subadultos (40-49 mm) e adultos (> 50 mm). A espécie se distribui ao longo de todo o canal principal, durante todo o ciclo sazonal. As maiores densidades e biomassas médias foram observadas no estuário superior. Juvenis, subadultos e adultos apresentaram maiores densidades e biomassas no estuário superior durante o início da estação chuvosa, caracterizando este habitat e período sazonal com área de berçário, reprodução e alimentação (p <0,01). A dieta foi composta por anelídeos (poliquetas), microcrustáceos, macrocrustáceos, peixes teleósteos, nemátoda e microplásticos. Todas as fases ontogenéticas se alimentam preferencialmente de poliquetas (%IRI > 13,06 e 100), caracterizando a espécie como zoobentívora durante todo o seu ciclo de vida. Porém, os juvenis e subadultos se alimentaram de copépodas e anfípodas como itens secundários, mostrando uma tendência zooplânctivora. Adultos se alimentaram secundariamente de peixes e macrocrustáceos mostrando uma tendência piscívora. Microplásticos contaminaram todas as fases ontogenéticas. Os subadultos apresentaram frequência de ocorrência de (FO = 11,7%), seguidos dos adultos (FO = 8,08%) e juvenis (FO = 7,93%). A maior ingestão de microplásticos principalmente na cor azul ocorreu nos adultos no final da estação chuvosa, independente das áreas do estuário (p <0,01). A contaminação por microplásticos na população de A. lineatus, está provavelmente associada ao forrageamento bentônico. Também, o fato de a contaminação ocorrer principalmente durante a estação chuvosa indica que ela está associada ao período de maior descarga do rio, quando os microplásticos provenientes do continente são carregados em direção ao mar. A. lineatus, tem uma grande importância ecológica nos ecossistemas estuarinos, devido a sua grande densidade e biomassa, funcionando como um elo entre níveis tróficos inferiores e superiores. Além de fornecer energia, eles também podem transferir essa classe de contaminante ao longo da teia trófica, produzindo efeitos como lesões no trato digestivo, diminuindo a capacidade predatória e até efeitos tóxicos nocivos (causados pela adsorção de poluentes orgânicos persistente), podendo atingir populações humanas que dependem destes recursos.