Resiliência integral e juventudes periféricas: análise de uma experiência formativa no campo educacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: SILVA, Maria Lúcia Ferreira da
Orientador(a): FERREIRA, Aurino Lima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/34030
Resumo: O campo educacional brasileiro enfrenta inúmeros desafios, principalmente no que se refere à formação das juventudes, mais especificamente das juventudes periféricas, que têm sido postas constantemente como sinônimo de violência, periculosidade e criminalidade. A resiliência integral desponta como um dispositivo de resistência, potencializando a decolonização e valorizando o devir-juventudes-periféricas. Este trabalho localiza-se no campo multiparadigmático da abordagem qualitativa exploratória e fez uso da pesquisa documental e bibliográfica para investigar as concepções teóricas que ajudaram a compor a visão de resiliência mobilizada no Curso de Formação de Educadores Holísticos do Neimfa, no intuito de re/construir uma perspectiva de resiliência integral. E da pesquisa participante para compreender os processos de cultivo de resiliência em jovens moradores da periferia do Coque, Recife/PE, que participaram deste curso. Apresentamos a perspectiva de resiliência de Boris Cyrulnik e Edith Grotberg, por terem sido os mais citados nos documentos mapeados. Montamos um mapa da resiliência integral/transpessoal a partir dos quatro quadrantes de Wilber e indicamos que a maioria dos autores utilizados no Curso de Formação de Educadores Holísticos tem uma perspectiva teórica que se alinha com as visões ecológicas e sócio ecológicas de resiliência. A partir da análise temática das entrevistas com 10 jovens periféricos, construímos seis grandes blocos de categorias que ressaltam os processos de promoção de resiliência: Percepções de si e do outro: ontem e hoje, Momentos significativos vivenciados no Curso, Entre os desafios e as dificuldades encontrados no percurso do curso, Superação das dificuldades e os empecilhos à superação, Conselhos e sugestões para as/os jovens, Conselhos e sugestões aos professores. Estas categorias indicam que os processos formativos das juventudes periféricas resgatam uma ótica de promoção numa perspectiva integral, participativa, multidimensional, processual, histórica, imersa em uma rede relacional complexa de mecanismos subjetivos, objetivos, sociais e culturais, que nos habilita a inúmeras possibilidades de modificações constantes nos níveis intrapessoal (corporificada), interpessoal (relacional) e transpessoal (enactiva). A resiliência integral passa a ser tida com um potencial a ser promovido ou cultivado, pois oferece uma lente para a observação da experiência em seus aspectos internos e externos, que coemergem na percepção do que se vivencia. As juventudes periféricas são percebidas como um dispositivo de subjetivação de novas formas de vida, vidas resistentes, integrais e multidimensionais. Vidas capazes de existir para além de uma norma que precisa inferiorizar e desqualificar para subsistir. Vidas que habitam espaços coletivos nos quais a solidariedade, o amor e o respeito concebem existências dignas e resilientes.