Todo mundo se escuta, todo mundo fala : educação em sexualidade crítica e emancipatória na perspectiva de adolescentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: JUCÁ, Adriana Lobo
Orientador(a): GONTIJO, Daniela Tavares
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Saude da Crianca e do Adolescente
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49659
Resumo: As vulnerabilidades ligadas à sexualidade mantêm-se como grandes desafios para as políticas públicas e à assistência em saúde, especialmente na população adolescente. As evidências apontam que a falta de educação sexual formal e estruturada pelas escolas e pais influencia no agravamento do problema e que programas de educação em sexualidade que desenvolvem uma abordagem de empoderamento enfatizando gênero e direitos com a participação ativa dos(as) adolescentes são particularmente mais eficazes na melhoria dos resultados de saúde sexual e reprodutiva (SSR). O presente estudo tem como objetivo geral compreender como deve ser a educação em sexualidade na perspectiva de adolescentes do ensino médio. Caracteriza-se como uma pesquisa participante de abordagem qualitativa, operacionalizada a partir da proposta da investigação temática freireana, realizada em uma escola estadual da cidade de Recife, com 42 adolescentes do ensino médio de idade entre 15 e 18 anos. A pesquisa foi realizada em cinco etapas: aproximação com o campo, leitura da realidade, análise das codificações, análise crítica e exploração dos temas geradores. Os dados coletados através das técnicas de observação participante e grupos focais foram analisados com base no Método de Interpretação de Sentidos. Os resultados da leitura da realidade foram sistematizados em três categorias: ser adolescente e os principais aspectos da adolescência; os conflitos nas relações intergeracionais; e as principais vivências e saberes sobre sexualidade e educação sexual. Os(as) adolescentes, ao longo das problematizações, puderam aprofundar suas percepções quanto aos padrões sociais que lhes eram impostos, as consequências causadas pela escassez de educação sexual familiar, a falta de diálogo e a fragilidade das relações intergeracionais, o machismo presente em sua criação e educação, e as repressões e preconceitos às relações afetivas sexuais na adolescência. Refletem que tal realidade precisava ser transformada e um caminho possível se dá através de uma educação em sexualidade que se inicia no ambiente familiar e se estende para a escola de forma contínua, com a participação ativa do(as) adolescentes, de temática abrangente e complexidade gradual, contextualizada, práxica, estimulante, descontraída e em pequenos grupos. A pesquisa apontou o potencial da investigação temática como método viável no sentido da compreensão e superação de uma sociedade adultocêntrica, patriarcal, machista, racista, capitalista e capacitista, que ignora e menospreza os saberes das adolescências, negando-lhes também uma vivência plena e segura de suas sexualidades. Assim, de modo colaborativo, delineou-se uma proposta de Educação em Sexualidade Crítica e Emancipatória como uma ação educativa em sexualidade desenvolvida a partir da integração do referencial freireano, da Educação Integral em Sexualidade e da construção coletiva dos(as) adolescentes. Propõe-se um processo dialógico de tomada de consciência para vivenciar plenamente a sexualidade, de forma segura, mediante a defesa e a garantia da cidadania de adolescentes, que pode e deve ser adaptado a cada contexto por instituições de ensino, equipes de saúde, movimentos de jovens e demais grupos e instituições que tenham compromisso com a transformação da realidade no sentido da humanização junto com a juventude.