Literatura periférica : terceiro momento da poesia marginal a partir das ações do Coletivo Controverso Urbano em Recife

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: AMARAL, Gabriel Góes do
Orientador(a): MORAIS, Josimar Jorge Ventura de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/41510
Resumo: A partir de um olhar pela trajetória do Coletivo Controverso Urbano de Recife-PE, pretendi averiguar as motivações e os principais sentidos atribuídos pelas(os) agentes à prática das intervenções poéticas na urbe. Considerando-as um fenômeno mundial associado às metrópoles e ao engajamento da arte com a vida cotidiana, sublinho, dentre um vasto conjunto de procedimentos e técnicas, as denominadas intervenções poéticas, sob o formato sarau de poesia, ou seja, aquelas que se utilizam especialmente das palavras e uma interpenetração da poesia performática. Na sua hibridez e relativa simplificação formal – que alia artesania manual, de baixas tecnologias, feitas com poucos recursos e participação performática/interativa – residem os elementos que as singularizam e tensionam não só a categoria de artisticidade poética, mas, sobretudo, a lógica moral-normativa que orienta os usos sobre o espaço público urbano. Notase que tal postura desborda o campo das artes visuais e da poesia, engendrando novas formas de associação e participação leiga ou micro-cultural. Através da triangulação entre as dimensões subjetivas, espaciais e sociopolíticas, problematizo sobre os modos de operar, valores e justificativas que orientam as atitudes ligadas a um modelo de intervir coletivamente na vida pública da cidade, a fim de se compreender não só o que está em disputa neste terceiro momento da poesia marginal, mas como situações de desvio e fissura pode instaurar proximidade e experiência para uma partilha do sensível. A pesquisa de campo foi realizada na cidade do Recife, com cinco poetas do Coletivo, por meio da aplicação de entrevistas semiestruturadas em profundidade, utilizando-se de técnicas relativas à metodologia qualitativa. Os resultados indicam formas de engajamentos individuais e coletivos. As(os) poetas percebem o sarau de poesia como uma atividade coletiva que envolve empenho, foco, reunião de pessoas e criatividade. Elas(es) têm dificuldade de se identificarem como artistas e reconhecem a desigualdade nos mundos da arte nesta atividade. Suas práticas e respostas em relação às tensões geradas pela desigualdade indicam uma concepção ativa do “faça você mesmo” visando a superação das desigualdades em curso, criando estratégias de redefinição nos mundos da arte de seus projetos que priorizam a inclusão de pessoas oriundas das periferias, se articulando com outros coletivos e segmentos artísticos urbanos.