Parâmetros do sono, qualidade de vida e respostas cardiorrespiratórias ao esforço físico em indivíduos pós COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: SANTOS, Daniele Maria dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Fisioterapia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/55771
Resumo: A síndrome pós COVID-19 tornou-se um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo, pois a persistência de seus sintomas sistêmicos vem impactando negativamente na vida funcional, laboral e psicossocial dos indivíduos acometidos. Entre estes, as repercussões no sono, nas respostas cardiopulmonares ao exercício físico e na qualidade de vida (QV) são os mais comuns, podendo causar limitações nas atividades diárias destes pacientes. Determinar se existe associação entre os parâmetros do sono, a QV e as respostas cardiorrespiratórias ao esforço em pacientes pós COVID-19. Estudo transversal, aprovado pelo comitê de ética da UFPE (No 5.536.992), realizado no Laboratório de reabilitação cardiopulmonar (LACAP) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e no Ambulatório de Reabilitação Pulmonar do Hospital Otávio de Freitas. Foram incluídos pacientes com idade a partir de 18 anos, ambos os sexos, e diagnóstico de COVID-19 confirmado positivo pelos testes sorológico e molecular. E excluídos pacientes que faziam uso de medicação indutora do sono, apresentavam doenças cardiometabólicas como obesidade grau III, doenças crônico degenerativas descompensadas, neuromusculares, osteomioarticulares ou algum comprometimento cognitivo que dificultasse o entendimento e/ou execução das avaliações. Foram avaliados os parâmetros do sono subjetivos por meio do Índice de qualidade de sono de Pittsburg (PSQI), Escala de sonolência diurna excessiva de Epworth (ESE) e os parâmetros objetivos do sono compreendidos pelas variáveis: o tempo total de sono (TTS) (horas), eficiência do sono (%), tempo total na cama (TTC) (horas), latência do sono (minutos), número de despertares noturnos após início do sono e o tempo total acordado durante o despertar (WASO) (minutos) e número de episódios de sono secundários, pelo actígrafo (ActTrust, ®Condor), a QV foi avaliada pelo SF-36 e as respostas cardiorrespiratórias, pelo teste do degrau de 6 minutos (TD6M), que foram: Frequência cardíaca (FC), Saturação periférica de oxigênio (SpO2), percepção de fadiga e dispneia pela escala de Borg, no repouso, durante cada minuto do teste, imediatamente, no primeiro e quinto minuto após o final do teste, além de pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD), em repouso, imediatamente, no primeiro e quinto minuto após o final do teste.. Os dados foram expressos em média e desvio padrão, também em porcentagem e valor absoluto. Para avaliar a normalidade dos dados utilizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov. Para as análises de correlação bivariada entre os parâmetros do sono, a qualidade de vida e as respostas cardiorrespiratórias foram realizadas pelos testes de correlação de Pearson ou Spearman, a depender da distribuição dos dados. Já a regressão linear múltipla foi utilizada para determinar a associação entre os parâmetros do sono, a QV e as respostas cardiorrespiratórias. Foram incluídos 48 voluntários, com idade de 41,2 ± 14,4 anos e prevalência do sexo feminino 64,6%. A amostra apresentou má qualidade de sono pelo PSQI 8,25 ± 3,53, porém ausência de SDE pela ESE 6,67 ± 4,90. Os parâmetros objetivos do sono mostraram-se dentro dos parâmetros esperados, com exceção de eficiência do sono, que se apresentou abaixo dos valores recomendados (82,55 ± 10,02%). A amostra também apresentou respostas cardiorrespiratórias ao esforço submáximo dentro dos critérios esperados. Sobre a capacidade funcional de exercício, o desempenho no TD6M foi de 146,4 ± 48,4 degraus e VO2 de pico de 25,1 ± 5 ml/kg/min. Foi observada um comprometimento na QV (Escore geral: 63,0 ± 19,2) e os domínios estado geral de saúde (EGS) (51,1 ± 19,1), limitações por aspectos emocionais (51 ± 46,2), vitalidade (58,4 ± 18,2), limitação por aspectos físicos (60 ± 46,6), saúde mental (67 ± 21,5), aspectos sociais (68 ± 24,1), capacidade funcional (79,7 ± 26) e dor (70,4 ± 20). Foi observada uma associação entre o TTS e a pressão arterial diastólica (PAD) imediatamente após o exercício (β = - 0,121; p = 0,003), e o domínio EGS do SF-36 (β = - 0,064; p = 0,006), também associação entre o TTC e a PAD imediatamente após o exercício (β = - 0,118; p = 0,004) e o EGS (β = - 0,058; p = 0,005), entre o número de despertares e a SpO2 imediatamente após o exercício (β = 0,480; p = 0,047), e a FC 1’ após o exercício (β = 0,081; p = 0,007). Entre a hora que os participantes levantaram e o EGS (β = - 0,034; p = 0,029), entre a SDE e o número de degraus alcançados (β = - 0,030; p = 0,037). A amostra avaliada apresentou má qualidade de sono, porém com ausência de SDE. Houve associação do aumento do TTS, TTC e do horário em que a amostra se levantou ao comprometimento do EGS do SF-36, associação do maior TTS e TTC, e a PAD imediatamente após o exercício mais baixa, também foi observada associação do maior número de despertares à elevações da SpO2 imediatamente após o exercício e da FC no 1’ minuto após o exercício, como também no aumento da SDE e o número reduzido de degraus alcançados no TD6M. Sugerimos estudos longitudinais com estratificação pela gravidade da COVID-19 para observar a associação dos parâmetros do sono, da qualidade de vida e das respostas cardiovasculares ao esforço físico considerando os sintomas pós- COVID19 em longo prazo e a gravidade da doença.