Referenciais epistêmicos que orientam e substanciam práticas curriculares em uma escola localizada na Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: SILVA, Delma Josefa da
Orientador(a): SILVA, Janssen Felipe da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31811
Resumo: A Educação Escolar Quilombola é uma conquista histórica da experiência dos quilombolas na sociedade brasileira, construída gradativamente pela organização dos movimentos sociais negros, em especial do movimento quilombola no contexto da redemocratização do Estado brasileiro. Conceber quilombismo como práxis afrobrasileira de libertação e de assunção do comando de sua própria história é uma contribuição epistêmica de Abdias do Nascimento (2009). A pesquisa objetivou compreender os Referenciais Epistêmicos que Orientam e Substanciam as Práticas Curriculares em uma Escola Localizada na Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas. Nossas lentes teóricas-metodológicas focam o pensamento afrocêntrico em Assante (2009), Ki-Zerbo (2011), as africanidades brasileiras em Cunha Junior (1998, 2008) e Silva (2003, 2005) em diálogo com o pensamento decolonial latino americano a partir de Dussel (2010), Quijano (2005), Mignolo (2005, 2008), Maldonado-Torres (2007), Escobar (2005), Grosfoguel (2013, 2010, 2017) e Walsh (2005,2009,2010), que questiona a hegemonia do pensamento eurocêntrico, constroem e visibilizam a produção de conhecimento a partir da experiência histórica dos movimentos sociais. É uma pesquisa qualitativa, um estudo de caso. O trabalho de campo foi realizado no período de setembro de 2015 a abril de 2016. Metodologicamente, a pesquisa se fundamenta nos princípios apresentados por KiZerbo (2011): interdisciplinaridade, a história vista de seu interior, a partir da trajetória própria dos quilombolas, a trajetória histórica no continente e da diáspora. No campo curricular, nos referenciamos na metodologia da história africana de Ki-Zerbo e Bâ (2010), dialogando com a compreensão da relação entre educação e experiência posta por Dewey (2010) e Arroyo (2013). A análise de conteúdo, referenciada em Bardin (2011) serviu de lentes para a organização e análise dos dados. Os Referenciais Epistêmicos que Orientam e Substanciam as Práticas Curriculares de Professoras em Comunidade Quilombola foram analisados a partir da categorização de três grandes eixos: formação, currículo e relação professor-aluno. A categorização foi feita a partir do instrumento de entrevista semi-estruturada. Nossas categorias de análise foram a ancestralidade enquanto experiência histórica; os espaços-tempos da formação e da prática pedagógica; história e memória como referenciais centrais da prática curricular, e a relação família-comunidade como eixo vivificador da experiência e significado da educação escolar quilombola. Os resultados da pesquisa indicam que a consciência e organização política dos quilombolas possibilitaram a conquista da educação específica dialogada com as Bases da Educação Nacional; A formação inicial de professores responde incipientemente às necessidades da qualificação do professor quilombola. É a formação continuada, conduzida pela gestão escolar junto com professores e comunidade que tem cumprido com a função social da escola no sentido de proporcionar emancipação e identificação de estudantes e suas famílias com a escola e com o seu pertencimento identitário; as práticas curriculares desenvolvidas estão centradas na História e Cultura Afro-brasileira, referenciada na tradição oral, história e memória, considerando os quilombos como uma experiência continental da Diáspora africana.