O pop periférico como categoria midiática : hipervisibilidade do precário, celebrização do sujeito popular e participação no sistema publicitário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: FIABANE, Sthael Luiza Aleixes
Orientador(a): COVALESKI, Rogério Luiz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Comunicacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/42775
Resumo: Aqui se parte de uma categorização do vernacular (FIABANE, 2016) imbricado com o popular como instâncias culturais e de comunicação que, ao interagirem com um sistema midiático, atravessam a comunicação massiva. Essa, por sua vez, implica lugares institucionais, mercadológicos e uma cultura da mídia. Marcamos, no entanto, que o cenário tecnológico propiciado pelas redes sociais digitais torna possível inventariar brechas nos limites historicamente instituídos pela indústria do entretenimento. Nesse sentido, tanto a midiatização do cotidiano do sujeito popular nas redes sociais digitais configura (em muitos casos) uma comunicação para muitos espectadores e é, portanto, massiva, como é essa superexposição que torna possível a transmidiação do digital para os meios de comunicação tradicionais. Esses últimos, por sua vez, configuram espaços que comumente restringem a aparição de indivíduos de origem popular periférica — inclusive pela ordem dessa participação se relacionar com a noção de escândalo (BIELETTO-BUENO, 2018). Quanto a essa noção, marcadores sociais de raça, de classe (e de regionalidade que, nesse trabalho, aparece como caráter que deve ser considerado em um debate interseccional) acionam polícias e políticas que negam o “vulgar” e determinam o que é inculto. É a formação, o papel e a linguagem do sujeito popular — sustentada teoricamente pelos conceitos de carnavalização (BAKHTIN, 1999) e do modo de operação tático (DE CERTEAU, 1998) e como esse atua (e se relaciona) com os espaços de visibilidade que determinam a transição do rural/urbano ao midiático, em outras palavras, o trânsito do popular-povo para o popular que conjectura popularidade. Nessa participação nas telas o sujeito é produtor e consumidor de informações enquanto papéis que assume e que estão constantemente em alternância. Já na perspectiva que considera a atuação do sujeito popular como produtor nos espaços de visibilidade, são acionadas as noções de cidadania celebritie (RINCÓN, 2016); da perfomatização do eu e do empreendedorismo de si pautado em “novas maneiras de ter sucesso e fracassar” características de um “novo espírito do capitalismo” (BOLTANSKI; CHIAPELLO, 2009) e a mercantilização das intimidades (SLATER, 2002). Tomo como paradigma características de um efeito de mídia para essa reflexão, sendo esse, por sua vez, materializado na cultura do espetáculo (DEBORD, 2006); no processo de fabricação do imaginário (BUCCI, 2015); no desejo de participação do indivíduo no universo construído pela mídia (LAZZARATTO, 2006) e em uma Cultura da Celebridade (ORTIZ, 2016). “Poder consumir” e “poder ser visto” quando combinados parecem constituir a principal chave de acesso no deslocamento do sujeito popular periférico para sujeito pop periférico. A celebrização surge atrelada ao discurso de superação e aproxima-se da ideia de mobilidade social que aparece nas narrativas de si. A partir da perspectiva biográfica (MUNIZ TERRA, 2018), importa dos pontos de vista teórico e metodológico o sujeito e o que este relata sobre si como objeto de investigação. Este trabalho consiste em uma discussão teórica que busca responder ao seguinte problema de pesquisa: quanto do que constitui o popular periférico ou faz parte de sua vida encontra expressão na cultura massiva?