A educação afrocentrada do grupo étnico Sena e suas resistências à educação colonizadora em Moçambique

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: CORREIA, Carlos Horácio
Orientador(a): REIS, Maria da Conceição dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39679
Resumo: Na comunidade de Mutua em Moçambique, a identidade cultural do grupo étnico Sena resistiu às influências simbólicas do imperialismo colonial português, e continuou a resistir a todas as tentativas de imposição que exclui a cultura, política e a educação afrocentrada rundu. Diante desta discussão, colocamos a seguinte questão de partida: Que aspectos da educação afrocentrada rundu, do grupo étnico Sena, resultam em resistências à educação colonizadora inserida na comunidade de Mutua em Moçambique? A partir da pergunta formulada, presumimos que a imposição da educação colonizadora foi violenta na medida em que tencionava trabalhar as mentes dos Sena à submissão e dominação imperial portuguesa, este modelo de educação não coadunava com a lógica da educação afrocentrada rundu do grupo étnico Sena. Ao buscarmos outras respostas para a nossa questão central, traçamos o seguinte objetivo geral: compreender como a configuração da educação afrocentrada rundu do grupo étnico Sena resulta em resistências à educação colonizadora inserida na comunidade de Mutua em Moçambique. Seus objetivos específicos foram: identificar as experiências de educação afrocentrada rundu que contribuem para a centralização do grupo étnico Sena em Mutua; descrever a trajetória da educação colonial impostas pelas agências europeias em Mutua; analisar as influências da educação afrocentrada rundu que geram resistência à educação colonizadora. As discussões foram conduzidas à luz da teoria da afrocentricidade na perspectiva de Molefi Kete Asante que ajudou a sustentar as categorias agência, centralidade, marginalidade e conscientização, também sugeridas por Ama Mazama. Em seguida, articulamos a teoria da Afrocentricidade junto a História Oral enquanto uma perspectiva metodológica que apresenta técnica e métodos próprios, comprometidos com outra dimensão qualitativa e subjetivas em pesquisas cientificas, procurando atribuir novos significados aos sujeitos e povos excluídos. As discussões dos nossos resultados conduzem ao entendimento bipolar sobre o processo educativo na comunidade de Mutua. Esta perspectiva bipolar permitiu compreendermos que por um lado a educação pode ser trabalhada para colonizar, e por outro serve como instrumento libertador dos povos historicamente oprimidos. Assim, com base nos resultados concluímos que, apesar da educação colonizadora ter atingido diretamente o grupo étnico Sena, as práticas de libação dos ancestrais, o respeito aos mais velhos, que caracterizam a educação afrocentrada rundu, continuam sendo coerentes para a vida de muitos Sena na comunidade Mutua.