Pacientes fora de possibilidade terapêutica: percepções de cuidadores, estudantes e profissionais de saúde diante da finitude e de cuidados paliativos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: BUSHATSKY, Magaly
Orientador(a): SARINHO, Emanuel Sávio Cavalcanti
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/9107
Resumo: A assistência aos enfermos no passado consistiu em tratar e curar, de onde se originou a classificação em curáveis e não curáveis, deixando estes últimos sem possibilidade de assistência. Recentemente, estes pacientes são considerados cuidáveis, porque estão fora de possibilidade terapêutica e vivenciam a proximidade e a certeza da morte iminente. A percepção de cuidadores, estudantes e profissionais de saúde sobre cuidados paliativos foi o tema central do presente estudo, subdividida em três artigos. No primeiro, sob título Cuidados Paliativos em pacientes fora de possibilidade terapêutica, procedeu-se à revisão opinativa da literatura, com propósito analítico, de abrangência temática, com função histórica, adotando-se abordagem crítica para resgatar a construção histórica do conceito de cuidados paliativos, assim como apreciar os aspectos necessários à formação dos profissionais, voltados para a paliação. No segundo artigo, sob título Temáticas propostas para intervenção educativa em cuidados paliativos, foram descritos os resultados de estudo prospectivo, observacional, qualitativo com análise de conteúdo do discurso por associação de palavras, adotando como categorias temáticas aceitação, cuidado, finitude e sofrimento e, como temas indutores, doença crônica, paciente terminal, paciente fora de possibilidade terapêutica e morte. Foram incluídos todos os 290 estudantes matriculados e cursando segundo ou terceiro período de Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Terapia Ocupacional, Psicologia ou Serviço Social, na Universidade Federal de Pernambuco, em 2009, independente de sexo e idade, profissões previstas como integrantes de equipe de cuidados paliativos. Observou-se, nas quatro categorias analisadas, que os estudantes tinham uma visão restrita sobre o processo saúde-doença, com perspectiva reducionista e mecanicista, o que sugeriu a necessidade da construção de um saber interdisciplinar. No terceiro artigo, sob título Cuidados Paliativos em pacientes fora de possibilidade terapêutica: um desafio para profissionais de saúde e cuidadores, realizou-se pesquisa analítico-descritiva, com a participação de cinco pais ou responsáveis por crianças/adolescentes diagnosticadas como fora de possibilidade terapêutica, acompanhadas no Centro de Onco-Hematologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco, e 25 profissionais de saúde de nível superior, com experiência de no mínimo cinco anos de atividades nesse Serviço, no período de janeiro a junho de 2009. Os participantes foram submetidos a entrevista semi-estruturada, composta por questões norteadoras quanto aos cuidados paliativos com pacientes fora de possibilidade terapêutica, tomando como elementos relacionais a) sentimento: condição de compreensão e de enfrentamento emocional desse cuidado; b) atitudes: condição de manejo das situações geradas durante o cuidado, e c) conhecimento e crença: saberes técnicos, instrumentais, teóricos e emocionais, bem como convicções espirituais sobre as situações e o próprio cuidar. Foi evidenciado que a impotência e os efeitos sobre o narcisismo afetaram mais os profissionais de saúde, enquanto que os cuidadores afligiam-se principalmente com idealização dos profissionais do hospital, gratidão ao mínimo oferecido, diversas orfandades e resignação com relação à ignorância sobre a real gravidade da doença, suas consequências e os cuidados a serem exercidos. Ao final, concluiu-se que estudantes, cuidadores e profissionais de saúde compartilham o sofrimento oriundo da falta de preparo para o enfrentamento da morte e ainda não percebem a possibilidade de mitigá-lo pelo diálogo franco sobre sentimentos ao cuidar do paciente fora de possibilidade terapêutica