Planejamento, capital e emancipação humana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: SILVA, Raquel Bianor da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Servico Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/35732
Resumo: Esse estudo representa a possibilidade de problematizar o nosso objeto de trabalho profissional: o planejamento e as questões ligadas à emancipação humana postas pelo projeto ético do Serviço Social. Desenvolve-se em um momento de longa jornada de confrontação e de aprendizagem teórico-prática com os processos das lutas sociais encetadas pelos sujeitos das classes trabalhadora e subalterna, com os quais a atuação como assistente social e pesquisadora inevitavelmente nos colocou desde a década de 1990. Dessas experiências, surgiu o questionamento motivador da pesquisa teórica aqui desenvolvida; de um lado, a constatação prática de que, no processo de planejamento efetivamente realizado de forma participativa com os sujeitos que operam a sua implementação, ocorre a repetição dos momentos de objetivação e exteriorização próprios do complexo fundante do ser social – o trabalho, que é, como sustenta LUKÁCS (2018a) o modelo de toda práxis social; de outro, essa descoberta permite, para os participantes, tomar consciência do caráter fetichizado dos planejamentos governamentais de caráter acrítico, anistórico e reiterativo do status quo próprio da “racionalidade” burguesa. Então, diante das questões que vinham amadurecendo no plano intelectual sobre a centralidade do trabalho e do sujeito revolucionário em nosso tempo; associada à questão historicamente posta sobre a necessidade de uma sociabilidade conscientemente planejada pelos produtores livres associados, inquerimos de forma simples e direta: o que é mesmo planejamento? Um instrumento, uma técnica social, um jogo político, uma disciplina do campo das ciências sociais, especialmente na ciência da administração? Depois de investigar as diferentes abordagens críticas sobre o planejamento, compreendi que a crítica frequentemente dirigida aos processos de planejamento pelos seus especialistas não cumpria o papel efetivo de crítica ao permanecer no campo epistemológico, na argumentação metodológica e técnico- operativa. Daí a necessidade de buscar apreendê-la como categoria ontológica e revelar a sua contradição essencial no plano epistemológico e prático na sociabilidade burguesa e, ao mesmo tempo, sua potencialidade histórica concreta de superação, num processo de revolução permanente, dessa sociabilidade. A organização da tese expressa esse caminho metodológico: demonstrar o potencial emancipador do planejamento para a transição do socialismo ao comunismo, explicitando que esta sua potencialidade, a partir da crítica ontológica inaugurada por Marx-Engels, instalam um novo e revolucionário padrão de cientificidade expresso no método do materialismo histórico e dialético. Controlado pelos trabalhadores, o planejamento contribui para o fenecimento do Estado organizando o seguinte quadro: a) Massiva redução do tempo de trabalho socialmente necessário; b) Socialização das funções administrativas e; c) Transformação radical da divisão social do trabalho e das relações campo/cidade. Essas três mudanças efetivas e de fácil operação tornam o “fenecimento do Estado” algo não misterioso (um “véu nebuloso”, como se referia Marx) ou remoto, mas um processo perfeitamente tangível que precisa ser iniciado agora, no presente. Sem a reaquisição desses poderes, é inimaginável o novo modo de controle social total da sociedade por seus indivíduos, assim como a operação cotidiana não contraditória e, portanto, coesiva/planejável das unidades produtivas e distributivas particulares pela autoadministração dos produtores associados.