Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
MELO, July Rianna de |
Orientador(a): |
SILVA, Alexsandro da |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Educacao Contemporanea / CAA
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28024
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Resumo: |
Este estudo objetivou analisar a consciência metatextual de poetas acerca do gênero discursivo cordel, considerando as dimensões sociodiscursivas, temáticas, composicionais e paratextuais desse gênero. Participaram desta pesquisa seis cordelistas com idades que variavam de 81 a 34, dos quais uns frequentaram apenas alguns anos do Ensino Fundamental I e outros haviam concluído o Ensino Médio. Para tanto, utilizamos, como recurso metodológico, a entrevista semiestruturada e duas tarefas de transgressão de gênero (produção e identificação). Evidenciamos que, no caso dos aspectos sociodiscursivos, parecia haver uma relação entre as verbalizações dos propósitos comunicativos do cordel e o tempo de escrita do gênero. Observamos, também, que, para alguns poetas, o cordel deveria estar disposto apenas no seu suporte prototípico (no caso, o folheto), não reconhecendo outros lócus físicos e/ou virtuais de circulação. Sobre os aspectos composicionais, houve duas tendências quanto aos conhecimentos sobre a rima: a explicitação verbal dos motivos de o cordel ter rima e a ausência dessa explicitação, apesar do reconhecimento da rima como elemento obrigatório na estrutura desse gênero. Quanto à métrica, verificamos que alguns poetas menos escolarizados utilizavam exclusivamente o recurso do “canto” para verificar se os versos estavam de fato metrificados e tinham dificuldade nas verbalizações da contagem das sílabas poéticas dos versos. Alguns cordelistas afirmaram, inclusive, que o critério do número de sílabas na metrificação poderia ser flexibilizado, porque seria na performance oral que esse aspecto se ajusta. Na atividade de produção de transgressões, verificamos que não houve uma correspondência entre a quantidade de erros cometidos e o “grau” de sofisticação das transgressões realizadas. Ademais, pareceu ser mais difícil para alguns entrevistados transgredir apenas a regra de rima, mantendo as demais (métrica e oração) preservadas. Quanto à métrica, os entrevistados mais escolarizados conseguiram verbalizar as regras de metrificação e os acidentes poéticos porque, ao que tudo indica, não aprenderam tais princípios, exclusivamente, por meio da prática e do contato com outros folhetos, tal como pareceu ocorrer com os poetas com menor escolaridade. Chamamos atenção para o fato de que os participantes se saíram melhor na atividade de produção do que na de identificação das transgressões de oração. Apenas um cordelista conseguiu indicar nas estrofes os erros de coerência. É importante elucidar que por terem que atentar, simultaneamente, para diferentes aspectos certos erros podem ter passado despercebidos. Sobre a identificação de transgressões de métrica, não conseguimos estabelecer uma equivalência com a atividade de produção, já que os depoentes que produziram menos erros foram aqueles que se saíram melhor na tarefa de identificação de erros. Os resultados desse estudo sugeriram que as oportunidades de produção do gênero pareciam influir na consciência metatextual dos poetas. Contudo, os saberes poéticos oriundos de aprendizagens explícitas pareciam promover níveis mais elaborados de controle e explicitação do que aqueles incorporados, preferencialmente, através da prática. |