Da entrega à adoção : sentidos de maternidade compartilhados por profissionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: MACIEL, Milena Ataide
Orientador(a): CRUZ, Fatima Maria Leite
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39167
Resumo: O presente estudo se propôs a contribuir com a discussão acerca da maternidade, em uma perspectiva psicossocial, a partir da análise de processos judiciais de entrega de crianças para adoção. Compreendemos que a vivência da maternidade é uma experiência marcada por diversos significados, influenciados por sentimentos ambivalentes, de tal forma que para cada mulher, em distintos contextos, esta experiência tem significado próprio. Diversos fatores exercem influência direta na vivência da maternidade e nas escolhas das mulheres em relação à criança que geraram. Longe de ser apenas um fenômeno biológico, a maternidade inscreve-se num sistema de símbolos que se estruturam ideologicamente, indissociável das concepções de homem, mulher, família e criança. Como contributo para esta discussão, esta pesquisa tem como objetivo identificar e analisar as representações sociais de maternidade compartilhadas por profissionais que atuam no atendimento à mulheres entregam voluntariamente seus filhos adoção e relacionar as implicações dos sentidos de maternidade às suas práticas profissionais. Para alcançar este objetivo, a pesquisa caracterizou-se por uma análise documental de relatórios dos processos judiciais de entrega de crianças para adoção que tramitaram no Juizado da Infância e Juventude de João Pessoa – Paraíba, entre os anos de 2011 e 2017. Buscando uma aproximação e aprofundamento com o tema, também foram realizadas entrevistas com profissionais que atuam de Recife, Lisboa e Porto, em Portugal. Com objetivo de ampliar a compreensão das práticas profissionais de atendimento à entrega de crianças para adoção em diferentes contextos. Para análise dos dados, utilizamos como recurso de análise dos dados a Análise Temática de Conteúdo. Nos resultados, identificamos que os profissionais reforçam o ideal de maternidade predominante na sociedade e julgam como ‘mãe desnaturada’ a situação de entrega do bebê; objetivam a maternidade como natural e inerente à mulher e, portanto, compartilham do sentido de que seria contra a natureza da mulher entregar seu filho para ser criado por outrem. Identificamos ainda conteúdos que culpabilizam e responsabilizam a mulher por esta entrega, desconsiderando a possibilidade do não-desejo de materna, como se este fosse o único destino das mulheres. Na mesma medida em que responsabilizam a mulher pela maternidade, identificamos a ausência de referências a figura paterna na maioria dos processos analisados, indicado um afastamento institucionalizado da figura masculina das relações de parentalidade. Nos relatórios, identificamos sentidos conservadores de maternidade fixados na condição biológica, com conotação moralizante permeada de preconceitos pela decisão de entrega.