Influência da habilidade cognitiva, traço de inteligência emocional e depressão maternos no desenvolvimento neuropsicomotor infantil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: PAIVA, Giselle Souza de
Orientador(a): EICKMANN, Sophie Helena
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Saude da Crianca e do Adolescente
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/35623
Resumo: Os primeiros anos de vida constituem um período de grande vulnerabilidade para o desenvolvimento neuropsicomotor infantil (DNPM), sofrendo influência de fatores biológicos e ambientais, que podem ser de risco ou proteção e ter repercussão negativa ou positiva ao longo desse processo. Fatores maternos, tais como a habilidade cognitiva (indicador do quociente de inteligência - QI), o traço de inteligência emocional e a depressão, podem ter impacto neste desenvolvimento, tanto de forma direta, provavelmente por mecanismos relacionados à genética e à epigenética, como de forma indireta, na medida em que podem influenciar a estimulação domiciliar da criança, cujos mecanismos ainda não são totalmente esclarecidos na literatura. O objetivo deste estudo foi analisar a influência do QI, do traço de inteligência emocional e da depressão maternos sobre o DNPM, controlando pela possível influência de variáveis confundidoras. Trata-se de um estudo transversal realizado em duas Unidades de Saúde da Família situadas em comunidades de baixo nível socioeconômico da cidade do Recife, Pernambuco, Brasil. Crianças de 6 meses a 3 anos de idade (n= 204) e suas mães ou cuidadores foram incluídos e o período de coleta de dados ocorreu entre agosto de 2014 a julho de 2017. Foram avaliadas as seguintes variáveis e respectivos instrumentos de avaliação: DNPM, através da triagem de Bayley, versão III (Bayley III Screening Test); depressão materna, através do Self-Reporting Questionnaire - SRQ-20; habilidade cognitiva materna, através da prova de Raciocínio Abstrato (RA), Forma B, da Bateria de Provas de Raciocínio (BPR-5); traço de inteligência emocional materno, através do Inventário de Competências Emocionais e a qualidade de estimulação domiciliar, através do Home Observation for Measurement of the Environment - HOME. Os dados foram analisados por regressão logística hierarquizada para determinar o efeito ajustado por variáveis explanatórias (biológicas, socioeconômicas, demográficas, qualidade de estimulação domiciliar e vigilância do desenvolvimento infantil) sobre o DNPM. Houve predomínio das crianças na categoria “Competente” em todos os domínios do desenvolvimento infantil. Para o domínio cognitivo, destaca-se que 32,8% encontravam-se na categoria “Emergente” e 14 crianças (6,9%) estavam na categoria “Em risco”. Na análise multivariada, piores índices de habilidade cognitiva materna, Fator 5 emocional e menor média do índice HOME mantiveram-se associados com a suspeita/risco de atraso cognitivo das crianças. Um pior desempenho para a habilidade cognitiva materna e um menor índice de estimulação domiciliar estiveram associados a suspeita/risco de atraso no desenvolvimento da comunicação expressiva. O Fator 5 emocional e o índice altura para idade mantiveram-se associados à suspeita de atraso/risco do desenvolvimento da motricidade grossa. Concluiu-se que a população estudada apresentou múltiplos fatores de risco associados ao atraso do DNPM infantil de forma independente, destacando-se a habilidade cognitiva e o traço de inteligência emocional maternos. Outros fatores, como a qualidade da estimulação do ambiente domiciliar, a nutrição da criança e o nível socioeconômico também permaneceram associados ao DNPM. O suporte à saúde, à educação e à inteligência maternos, além de estratégias para a redução da pobreza devem ser enfatizados para promover um ambiente de cuidado estimulante, garantindo o potencial de desenvolvimento infantil, principalmente nos três primeiros anos de vida.