Diversidade de fungos micorrízicos arbusculares (FMA) em ecossistemas naturais e agrícolas do cerrado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: PONTES, Juliana Souza de
Orientador(a): MAIA, Leonor Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Ciencias Biologicas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25943
Resumo: O Cerrado é o maior bioma de savana do Neotrópico e o mais rico em número de espécies, abrigando um terço da biodiversidade nacional e 5% da fauna e flora mundiais, com alto grau de endemismo, porém é um dos mais ameaçados com áreas naturais sendo convertidas em pastagens e campos agrícolas. Alternativas vêm sendo utilizadas como forma de diminuir os impactos causados pela implementação de pastagens e áreas agrícolas: o plantio direto, a rotação de culturas e sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Contudo, essas práticas podem impactar a diversidade biológica, essencial para a manutenção dos serviços ecológicos. Como importante micro-organismos que atuam na alocação de nutrientes minerais para os vegetais, contribuindo para o equilíbrio dos ecossistemas, os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) podem sofrer os impactos gerados pelas práticas de manejo do solo, sendo necessário avaliar como essas práticas podem afetar a diversidade e consequentemente o papel desses fungos em agrossistemas. Assim, essa tese objetivou determinar o impacto de sistemas agrícolas sobre a diversidade e a estrutura de comunidades de FMA a partir de coletas conduzidas em áreas cultivadas com soja sob preparo convencional e direto, em sistema de ILPF e em áreas naturais de Cerrado e áreas transicionais com o bioma Caatinga e a Mata Atlântica. Duas coletas foram realizadas em três áreas cultivadas com soja sob plantio direto e convencional, três áreas em ILPF, e em Cerrado adjacentes aos cultivos, além de sete fitofisionomias naturais relacionadas ao Cerrado com três repeticões, totalizando 34 áreas e 123 amostras/coleta. As espécies foram identificadas com base em taxonomia morfológica de esporos extraídos das amostras de solo e foram determinadas: a frequência de ocorrência, a densidade de esporos, a riqueza e a diversidade de espécies de FMA. No total, foram identificadas 105 espécies de FMA, incluídas em 26 gêneros: 82 espécies nas áreas naturais, 63 nas cultivadas tradicionalmente e 56 espécies nos ILPF. A densidade média de esporos e a riqueza média de espécies foram maiores nas áreas naturais (29 esporos g⁻¹ e 38-52 espécies), seguida pelas áreas em ILPF (14 esporos g⁻¹ e 21-27 espécies), e menores nas áreas cultivadas tradicionalmente (7 esporos g⁻¹ e 15-26 espécies). A diversidade foi maior nas áreas cultivadas e menor nas naturais, com os valores do índice de Shannon alcançando 3,31 nas áreas cultivadas tradicionalmente, 2,43 nos ILPF e 2,15 nas naturais. As comunidades de FMA foram constituídas predominantemente por representantes de Glomus e Acaulospora, sendo Glomus macrocarpum a espécie dominante e mais abundante em todas as áreas estudadas. Orbispora pernambucana e Bulbospora minima não foram identificadas em nenhuma área cultivada, sendo assinaladas apenas nas áreas naturais. O Cerrado abriga grande diversidade de espécies de FMA, sobretudo nas áreas transicionais, enquanto o cultivo do solo e a adubação contribuem para a diminuição da riqueza de espécies e da esporulação de FMA. Portanto, sistemas de preparo do solo após a conversão do Cerrado natural em áreas de cultivo e pastos podem causar a perda de espécies de FMA.