Toxodontídeos (mammalia, notoungulata) pleistocênicos dos Estados de Pernambuco e Piauí, Nordeste do Brasil : aspectos sistemáticos e paleoecológicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: SILVA, Ana Karoline Barros
Orientador(a): OLIVEIRA, Édison Vicente
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Geociencias
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38779
Resumo: Dentre os representantes da megafauna, os toxodontídeos constituem mamíferos ungulados que habitaram toda a América até o final do Pleistoceno. Embora restos de toxodontídeos sejam muito frequentes no Pleistoceno brasileiro, não há consenso sobre a taxonomia envolvendo restos descritos como Piauhytherium e Trigodonops. Considera-se que Toxodon esteja representado somente por Toxodon platensis, de ampla ocorrência na América do Sul. No Nordeste do Brasil encontram-se os mais representativos materiais atribuídos a Piauhytherium, e muitos espécimes de Toxodon apenas parcialmente descritos. Sobre palecologia, existem trabalhos envolvendo isótopos estáveis, mas nada sobre a morfologia e análise de micro-sinais no sistema dentário. Esta tese teve como objetivos realizar estudo taxonômico, sistemático, filogenético e paleoautoecológico dos toxodontídeos pleistocênicos registrados nos estados de Pernambuco e Piauí. O material estudado pertence às coleções do Laboratório de Paleontologia do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco, da Fundação Museu do Homem Americano e do Museu de História Natural de Taubaté, além disso material inédito do grupo encontrados no sítio Tamanduá de Cima, em São Bento do Una Estado de Pernambuco, foram aqui identificados e descritos. Para estudo de micro-sinais foram analisados 16 molariformes através da confecção de moldagem em silicone e contramoldagem em resina epóxi para obtenção das marcas, que foram identificadas e qualificadas em sete principais variáveis de microdesgaste, utilizando-se estéreomicroscopia de baixa ampliação. A análise taxonômica e filogenética do espécime de toxodonte do Piauí, originalmente descrito como um novo gênero e espécie, Piauhytherium capivarae, sugere que tais materiais pertencem a Trigodonops lopesi, já conhecido para a região Norte e Nordeste do Brasil. As características anatômicas cranianas e dentárias estudadas permite re-identificar o material brasileiro como Trigodonops, incluindo: rostro estreito e cilíndrico, parte posterior do crânio alta e arredondada, presença de uma expansão lateral no ramo mandíbular, quarto pré-molar sem camada de esmalte lingual, padrão de dobras do esmalte lingual nos dentes molares, o sulco meta-entocônino profundo no primeiro molar inferior, sulco ento-hipoconulido marcado nos dois primeiros molares inferiores, pouco marcado no terceiro molar e hipoconulido expandido. Já o material inédito do estado de Pernambuco, composto por dois crânios parciais, foram aqui identificados como T. platensis, tendo em vista a parte occipital do crânio elevada, crista sagital estreita com borda dorsal reta, frontais dorsalmente planos e triangulares, porção caudal craniana com diâmetro transverso maior do que o vertical, crista nucal reta projetada caudalmente, concavidade profunda no centro da face caudal craniana. No que concerne a paleoecologia, as marcas ocasionadas pela abrasão das partículas durante a mastigação foram correlacionadas com as principais categorias tróficas observadas na natureza. A análise quantitativa indica a predominância de microdesgaste misto de orientação variável, colocando Tr. Lopesi e T. platensis na categoria trófica de dieta mista e T. platensis com tendência a consumo de grama sazonalmente/reginalmente. Esses resultados corroboram estudos prévios, descrevendo Toxodon platensis como megaherbívoro generalista, sendo capaz de tolerar uma ampla gama de dietas e hábitats, como savanas ou ainda borda de florestas, alimentando-se de grama e folhas.