Pteridófitas da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco: florísitca, biogeografia e conservação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: SANTIAGO, Augusto César Pessôa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/632
Resumo: A Floresta Atlântica é reconhecida como um dos 25 hotspots para a conservação da biodiversidade mundial, abrigando um número elevado de animais e vegetais, além de outros organismos e contribuindo de forma significativa para o status de megadiversidade do Brasil. Apesar de séculos de estudos na região, o conhecimento de muitos táxons ainda é escasso e isto é essencial nas estratégias de conservação a serem tomadas. Isto é de extrema importância, já que apesar da crescente atividade conservacionista no país, muito ainda deve ser feito para preservar a biodiversidade local. A porção nordestina da Floresta Atlântica sofreu grande redução e é um dos ecossistemas mais degradados no território brasileiro. Um dos grupos que se destaca na megadiversidade do Brasil é o das pteridófitas, com cerca de 1.200 espécies, correspondendo a aproximadamente 30% do registrado para as Américas e 10% do total mundial. Estas plantas ocorrem normalmente em florestas úmidas e chuvosas, sendo bem representativas na Floresta Atlântica brasileira, que abriga também um dos centros de endemismo e especiação do grupo (nas regiões Sul-Sudeste). O presente trabalho teve os seguintes objetivos: (1) avaliar a riqueza de pteridófitas na Floresta Atlântica ao norte do Rio São Francisco, considerando a distribuição geográfica e altitudinal das espécies, bem como a raridade do grupo na região e sua distribuição nos Estados analisados; (2) verificar as relações biogeográficas desta floresta com a Floresta do Sudeste e com a Floresta Amazônica, considerando a distribuição da pteridoflora e (3) avaliar o status de conservação do grupo em Pernambuco visando elaborar uma lista de espécies ameaçadas de extinção. Dentre os Estados abrangidos no presente estudo, Pernambuco é o mais bem estudado em relação às pteridófitas e a maior parte das espécies está distribuída na Floresta Atlântica. Os Estados selecionados para a presente pesquisa foram Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. No intuito de conhecer as espécies ocorrentes na região foram visitados os principais herbários do Nordeste, foi feita uma revisão bibliográfica dos estudos desenvolvidos com as pteridófitas e foram realizadas coletas em remanescentes locais. Para avaliar as relações biogeográficas entre a Floresta Atlântica ao norte do Rio São Francisco (considerando os Brejos Nordestinos > 600m e o Centro Pernambuco < 600m) com a Floresta Atlântica do Sudeste e a Floresta Amazônica foi utilizada a Análise de Parcimônia de Endemismo (PAE), a partir do programa Winclada 0.9.99m24. Também foi verificado se a distribuição da pteridoflora entre as unidades biogeográficas da Floresta analisada (Brejos Nordestinos e Centro Pernambuco) seria mais semelhante entre as áreas de uma mesma unidade. Para este propósito foi construído um dendograma, baseado no Índice de Similaridade de Sorensen e com o método de ligação UPGMA, através do programa NTSYS 2.01t. A elaboração da lista das espécies de pteridófitas ameaçadas de extinção foi baseada nos parâmetros da IUCN. Os dados encontrados revelaram uma riqueza de 254 espécies e cinco variedades ocorrentes na Floresta Nordestina, onde 25% destes táxons infra-genéricos podem ser considerados raros e apenas duas espécies são restritas à região. No estado de Pernambuco, cerca de 1/3 da pteridoflora pode ser considerada ameaçada de extinção. A maioria das espécies registradas para a região é amplamente distribuída nos Neotrópicos e dentro do território brasileiro. A maioria das espécies se mostrarou indiferente à variação altitudinal, mas 39 foram exclusivas de terras baixas e 66 só ocorreram em áreas acima de 600m. Duas novas referências são registradas para a região (Pteris sp. e Pecluma recurvata (Kaulf.) M.G. Price). Muitas das espécies citadas para o estado da Paraíba ainda não haviam sido referidas em publicações, como o caso de Metaxya rostrata (Kunth) C. Presl., coletada no desenvolvimento do presente trabalho e que possui interessantes características de distribuição no território brasileiro e raridade na Floresta Atlântica. Os dados encontrados mostram a importância da pteridoflora local e também a sua fragilidade, indicando que deve ser dada atenção para a conservação de áreas onde se concentram a diversidade e raridade de espécies, com a criação de Unidades de Conservação ou implementação daquelas que não funcionam adequadamente. Os resultados obtidos com a PAE não corroborou as hipóteses que sugerem uma maior relação entre as áreas dos Brejos Nordestinos + Florestas do Sudeste e Centro Pernambuco + Floresta Amazônica e também não foi observada uma maior similaridade entre as áreas de uma mesma unidade biogeográfica da Floresta Nordestina. Isto provavelmente ocorre pela ausência de barreiras geográficas na região que impedem a migração das pteridófitas nos fragmentos dentro da região, já que este grupo possui alta capacidade de dispersão