Política e historiografia nas narrativas lusocastelhanas seiscentistas da guerra holandesa no Atlântico Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: SILVA, Kleber Clementino da
Orientador(a): RIBEIRO, Marília de Azambuja
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Historia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/19420
Resumo: A tese de doutoramenmto ora apresentada centra-se nas obras que conformaram o discurso historiográfico ibérico acerca da guerra travada neerlandeses na América e na África Ocidental (1624-1654). Tais narrativas (concebidas no interior dos gêneros "relação de sucessos", "relação historial" e "história"), vêm a lume num intervalo de cerca de sete décadas (1625-1698), pelo trabalho de autores de diversas origens e trajetórias situados em diferentes espaços dos impérios ibéricos. Procede-se à análise do conteúdo destes escritos à luz das distintas conjunturas surgidas na península Ibérica ao longo do período e, igualmente, das vertentes historiográficas em vigor. Conceitos como "sucesso" e "história perfeita", bem como a historiografia da emergência do livro no cenário cultural europeu moderno da Ars historica foram fulcrais ao trabalho. Mostra-se possível, a partir dessa aparelhagem teórico-metodológica, demostrar primeiramente como narrativa histórica, no Seiscentos, dialogava com os contextos no interior dos quais era produzida, quer nas cortes e centro de poderes peninsulares, quer em meios às disputas nas zonas ultramarinas. Para além disso, discuti-se a mobilização da historiografia como ferramenta de intervenção política, de visibilização de sujeitos e "partidos", de emissão de contradiscursos. A metáfora da "relação" e da "história" como armas viceja no período. Desse modo, tanto as cortes ibéricas (por meio da alta nobreza e mesmo das casas reinantes) quanto grupos políticos emponderados no ultramar põe em ação o instituto do patronato, a imprensa em expansão, os recursos da publicística e o prestígio do gênero histórico para o fim de fixar uma memória conveniente dos eventos da guerra holandesa. Glorificam suas próprias façanhas, bem como aquelas de seus clientes e correligionários, em vistas de recompensas materiais e simbólicas presentes e futuras. Prêmio que aliás, nem sempre alcançam. No primeiro capítulo, apresentam-se as narrativas a serem analisadas e discute sua atribulada recepção nos séculos XVIII, XIX, XX. Em seguida, a produção das "relações de sucessos" e sua colaboração historicização do conflito, ao longo dos reinados Felipe IV e d. João IV. No terceiro capítulo, o foco volta-se para o gênero denominado "relação historial", intermediário entre "relação de sucesso" e a "história". No quarto e último capítulo, discute-se como todo esse repertório informativo, na Espanha e sobretudo em Portugal, é empregado como fonte para a escrita de “histórias perfeitas”, enaltecedoras tanto dos “heróis” na campanha quanto das coroas glorificadas por meio das vitórias descritas.