Turismo de base comunitária em regiões litorâneas : processos e resultados diferenciados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: BRAGA, Maíra Batista
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Patologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16616
Resumo: Turismo de Base Comunitária (TBC) é um tema relativamente recente nos estudos científicos, que tem recebido ênfase nos últimos dez anos, já que no mundo inteiro tem sido tendência a busca pela prática de um turismo contextualizado localmente, com respeito ao ambiente natural e às culturas locais. O TBC, que segue a perspectiva socioambiental, do desenvolvimento justo e equilibrado e tem como principal característica a inclusão e o protagonismo das comunidades locais, gerando benefícios para as localidades, surge como um contraponto ao turismo de massa e globalizado. No Brasil, o turismo no litoral nordestino tem sido historicamente desenvolvido de forma excludente e massificada, com a presença de grandes empreendimentos turísticos, muitas vezes internacionais, que alteram localidades onde se instalam, gerando perdas de identidade e de territórios. Em reação a este modelo de turismo convencional, que muitas vezes é incentivado pelas políticas públicas, algumas comunidades locais têm se organizado para empreender o TBC, por vezes de forma associativa, gerando territórios turísticos diferenciados, onde o turismo é complementar às atividades tradicionais e busca proporcionar experiências positivas para as comunidades locais e visitantes. Esta pesquisa objetiva analisar como ocorrem os processos de instalação e desenvolvimento do TBC em regiões litorâneas do Nordeste brasileiro. Para tanto, foram escolhidas para estudo e análise três iniciativas de TBC, tratando também das suas relações e interfaces com a dinâmica socioambiental das localidades: a Cooperativa Náutica Ambiental, em Tamandaré, Litoral Sul de Pernambuco; a Associação dos Condutores do Turismo de Observação do Peixe-Boi Marinho, em Porto de Pedras, Litoral Norte de Alagoas; e a Associação de Turismo de Meio Ambiente e Cultura, na praia de Ponta Grossa, em Icapuí, Litoral Leste cearense. Essa pesquisa é de cunho exploratório e caracteriza-se como qualitativa, com visão interdisciplinar, uma vez que trata das múltiplas dimensões dos processos e resultados do TBC, numa abordagem dialética, por analisar contextos históricos e sociais. Para atender ao objetivo, foram realizadas pesquisas bibliográficas e em sites e visitas às três localidades, nas quais foram feitas observações, registros fotográficos, vivências dos serviços turísticos oferecidos pelas comunidades, entrevistas semiestruturadas junto aos presidentes das associações e cooperativa e junto aos representantes das secretarias de turismo municipais, oficinas participativas junto a associados e cooperados, além de conversas informais com atores sociais diversos que fazem parte das realidades locais, relacionados direta ou indiretamente ao turismo. Com o uso da metodologia análise de conteúdo, foram feitas análises sobre as práticas das três iniciativas, a partir do estabelecimento de relações entre parâmetros de sustentabilidade e princípios do TBC. As iniciativas de TBC podem surgir a parir de um conflito socioambiental ou a partir de empreendedorismo. Ora iniciam por um movimento próprio, ora com o incentivo e apoio de organizações parceiras; podendo ser mais isoladas e autossuficientes ou manter-se em diálogo com o turismo convencional. Tendo em vista que os processos de implantação e de desenvolvimento de TBC vivenciam contextos territoriais e históricos distintos, com realidades sociais, econômicas, culturais, ecológicas, políticas e vocações turísticas diferentes, também os resultados são diferenciados, apresentando níveis variados de sustentabilidade. Observa-se que o TBC tem sido uma alternativa para o desenvolvimento local sustentável, minimizando ameaças de perda de territórios e identidades, e ao mesmo tempo gerando renda local, valorização da cultura e identidade local e conservação ambiental.