Paisagem acústica em um fragmento de mata atlântica com diferentes anos de reflorestamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: ANDRADE, Bruna Marcela Teixeira de
Orientador(a): BEZERRA, Bruna Martins
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Animal
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/43615
Resumo: O uso diversificado do solo pelos humanos resulta em fragmentação, perda de hábitats naturais e da sua biodiversidade. Os gravadores autônomos são tecnologias emergentes que permitem amostrar a atividade acústica de comunidades de animais e os sons da paisagem, auxiliando assim em monitoramentos da biodiversidade. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo geral entender a paisagem acústica de um fragmento Mata Atlântica com trechos de mata primária e mata secundária que foram desmatados e reflorestados após atividades de mineração. Esta dissertação está dividida em duas partes. A primeira traz uma contextualização do tema através de um referencial teórico para situar o leitor. A segunda parte traz os resultados da análise da paisagem acústica de um fragmento de Mata Atlântica localizado no município de Mataraca no extremo norte do Estado da Paraíba. Para tanto, coletamos dados acústicos usando gravadores autônomos instalados simultaneamente em cinco áreas com diferentes períodos de regeneração florestal (i. e., mata primária e matas secundárias reflorestadas em 1989, 1999, 2009 e 2019, aqui consideradas como áreas tratamento). As gravações foram realizadas durante três meses secos (outubro, novembro e dezembro/2020) e três meses chuvosos (março, abril e maio/2021). Fizemos a caracterização da vegetação das áreas tratamento através do método vizinho mais próximo, com a contagem do número total de árvores em dez quadrantes de cinco metros quadrados. As gravações da paisagem acústica foram analisadas no programa Kaleidoscope (Wildlife Acoustics), através do qual realizamos a inspeção e contagem dos diferentes dados acústicos gerados em agrupamentos pelo programa para cada área tratamento. Essas áreas foram então comparadas. As cinco áreas tratamento foram claramente diferenciadas com base em sua vegetação em uma análise de função discriminante, havendo 84% de classificação correta das áreas (76% quando consideramos uma correção por validação cruzada). Obtivemos 366.700 dados acústicos de biofonia, 24.370 de geofonia e 8.158 de antropofonia no período seco. No período chuvoso, obtivemos 386.339 sonótipos de biofonia, 36.484 de geofonia e 5.850 de antropofonia. Assim como a estrutura da vegetação, a paisagem acústica também foi diferente entre as áreas. A proporção de geofonia, biofonia e antropofonia discrimina entre as áreas tratamento 58,8% de classificação correta, baixando a 55% quando consideramos a correção por validação cruzada. A biofonia e a antropofonia foram as variáveis que contribuíram de fato para diferenciar entre as áreas tratamento. Calculamos automaticamente através do software Kaleidoscope sete índices acústicos entre as áreas tratamento em seguida comparamos: Índice de Complexidade Acústica (ACI), Índice de Diversidade Acústica (ADI), Índice de Regularidade Acústica (AEI), Índice Bioacústico (BIO), Entropia Total (H), Eventos por Segundo (EVN) e Índice de Paisagem Sonora de Diferença Normalizada (NDSI) para aferir tanto a abundância como a diversidade acústica. Nossos resultados mostram que os índices acústicos são sensíveis para detectar as mudanças na paisagem sonora de áreas contínuas com mata primária e secundárias reflorestadas em diferentes períodos. Em particular, o Índice de Paisagem Sonora de Diferença Normalizada (NDSI) se mostrou um excelente medidor da relação biofonia e antropofonia, O Índice de Complexidade Acústica (ACI) e o Índice Bioacústico (BIO) não apresentaram resultados que refletissem a paisagem sonora de áreas reflorestadas e o Índice de Diversidade Acústica (ADI) se mostrou um ótimo índice para representar as variáveis climáticas. Dentre os Índices Acústicos utilizados no trabalho, aqueles que representam melhor configuração da paisagem são o Índice de Entropia Total (H), Eventos por Segundo (EVN) e o Índice de Paisagem Sonora de Diferença Normalizada (NDSI). Por fim, relatamos que alguns cuidados devem ser tomados na metodologia e sugestões para o futuro como, por exemplo, a realização de estudos com gravações contínuas para caracterização mais completa dos sonótipos de áreas de estudo com diferentes períodos de reflorestamento.