Paisagem acústica submarina: padrões acústicos de invertebrados bentônicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silveira, Nilce Gomes
Orientador(a): Ricardo Coutinho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.repositorio.mar.mil.br/handle/ripcmb/846395
Resumo: Nas última duas décadas, o monitoramento da paisagem acústica tem evoluído como uma importante ferramenta para a caracterização e avaliação de diversos aspectos de ecossistemas marinhos. Entre esses ambientes, os costões rochosos são dominados por invertebrados bentônicos e apresentam uma assinatura acústica característica. A maioria destes organismos é reconhecida por produzir sons impulsivos e de banda larga. Para avaliar os padrões da paisagem acústica submarina de um costão rochoso da Ilha de Cabo Frio em Arraial do Cabo-RJ, Brasil, foram realizadas análises espectrais, temporais, sazonais, além da avaliação da influência de fatores abióticos em bandas de 1/3 de oitava no período de um ano. A análise espectral demonstrou que os maiores valores de SPL ocorreram nas bandas de 4, 5 e 6,3 kHz, que correspondem aos picos de frequência registrados para camarões estalo, ouriços e bivalves com base na literatura científica. Já as bandas de 2 e 16 kHz apresentaram os menores valores de SPL, sendo possivelmente bandas de transição onde há sobreposição de sons antropogênicos e de outros grupos de organismos marinhos. Em todas as bandas de 1/3 de oitava analisadas, foi identificado um padrão circadiano, com valores mais elevados de SPL nos crepúsculos, seguido pelo período noturno e com valores mais baixos no período diurno. Esse é um padrão característico dos invertebrados, que apresentam um pico de atividade crepuscular e continuam ativos a noite durante o período de alimentação. Os meses de fevereiro e março de 2018, e dezembro e janeiro de 2019 (verão e início do outono) apresentaram os maiores valores de SPL. O verão e o inverno foram estatísticamente diferentes, exceto para a banda de 2 kHz. Os fatores abióticos com maiores correlações com as bandas de 1/3 de oitava foram a radiação solar e a temperatura da água, fatores esses diretamente relacionados ao padrão circadiano e ao metabolismo dos invertebrados bentônicos. Os sons dos organismos mais representativos em termos de energia acústica foram caracterizados a partir de um método de classificação automática de estalos baseado em técnicas de aprendizado de máquina não supervisionado. As três classes de estalos encontradas apresentaram assinaturas acústicas semelhantes, com a maior parte da energia acústica concentrada até 8 kHz e picos de frequência variando entre 3,7 e 4,55 kHz. O padrão das curvas das assinaturas acústicas e os SPL dos estalos são compatíveis com os registrados por outros autores para camarões-pistola. Mas outros invertebrados bentônicos, como cracas, bivalves e ouriços, apresentam elevadas densidades na área de estudo, e não é possível descartar a hipótese de que as assinaturas acústicas representem estalos produzidos por um conjunto de organismos.