Memória, identidades territoriais e cidadania : descortinando as geografias populares e conflitos socioespaciais no médio e baixo Beberibe, Pernambuco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: SILVA FILHO, Herivelto Correia da
Orientador(a): MACIEL, Caio Augusto Amorim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Geografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/46131
Resumo: A pesquisa abarca a bacia hidrográfica do médio e baixo Beberibe, investigando feitios das geografias populares e cotidianas da metrópole recifense, moldada por aspectos históricos. Tais espaços foram constituídos, ao longo do tempo, por similitudes e diferenças materiais e identitárias que são expressamente visualizadas na paisagem ao se percorrer as vizinhanças do rio em questão. Quanto à metodologia, trata-se de uma abordagem do espaço vivido, tendo sido privilegiadas entrevistas, observações diretas da paisagem e vivências locais, com realização de diários de campo e produção de fotografias autorais. A revisão da literatura enfocou obras que dialogam com a dinâmica de ocupação urbana da Região Metropolitana do Recife, além de estudos sobre a abordagem cultural na Geografia Humana, com enfoque sobre memória, imaginário urbano e identidades socioterritoriais. Do ponto de vista teórico-conceitual, as categorias centrais são: bairro, identidade territorial, espaço vivido, memória, lugar e cidadania. Assim, a pesquisa considera a lógica cultural não apenas como um pano de fundo para o acontecer de questões políticas e econômicas sobre o espaço, propugnando que tal categoria corresponde a uma das mais importantes questões da dinâmica urbana atual, como o exercer de nanoterritorialidades e estratégias territoriais cotidianas, em um habitar popular. Então, os assentamentos populares do baixo e médio curso do rio devem ser tratados enquanto uma área de direitos negados historicamente e cujo exercício da cidadania tem sido marcado por conflitos e lacunas. Aqui é reforçada a necessidade de se considerar tanto aspectos do caráter singular e único de cada lugar, mas também o enquadramento das narrativas locais na interseção de redes locais, nacionais e até globais, como lembra Massey (2000). Afinal, desde a ocupação pretérita do Beberibe concorrem processos planetários, como colonização portuguesa, escravização de africanos, produção de uma das primeiras mercadorias da economia-mundo (o açúcar) e etc., ao lado de contingências locais: baixa navegabilidade em comparação com o Capibaribe, refúgio de populações escravizadas, profusão de terreiros, estabelecimento do matadouro público e assim por diante. Hoje, o rio Beberibe está ―dividido‖ pela BR-101 em dois setores distintos, em termos de ocupação. A oeste desta rodovia, a área da bacia apresenta baixo índice de ocupação, com resquícios da Mata Atlântica, em uma zona de barreiras, colinas e tabuleiros costeiros, completamente diferente do trecho densamente urbanizado, a leste, sendo este último o recorte escolhido. O estudo sugere interpretar diferentes maneiras através das quais habitantes dos espaços marginalizados do Beberibe reivindicam a inclusão de suas experiências de vida cotidianas como condição de construção da cidadania.