O extrativismo de açaí (Euterpe oleracea Mart.) e a natureza das assembleias de árvores em várzea amazônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: FREITAS, Madson Antonio Benjamin
Orientador(a): TABARELLI, Marcelo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Vegetal
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/33472
Resumo: A exploração de produtos florestais não-madeireiros tem sido apresentada como um instrumento chave para explorar as florestas tropicais de forma sustentável. Esta tese investigou os efeitos do manejo de açaí (Euterpe oleracea Mart.), um produto florestal nãomadeireiro (PFNM), na estrutura das assembleias de árvores de florestas de várzea no estuário da Amazônia. A hipótese geral é que a intensificação do manejo reduz a diversidade taxonômica, funcional e filogenética de plantas arbóreas e arbustos. O primeiro capítulo examina como a intensificação da perturbação (i.e., incremento no número de touceiras) afeta a composição e a estrutura funcional das assembleias de árvores e arbustos. Foi utilizado a densidade de palmeiras de açaí, abertura de dossel e fertilidade do solo como variáveis explanatórias, além do efeito aditivo e isolado da topografia e densidade de palmeiras sobre o tamanho do efeito padronizado da diversidade funcional representado pela riqueza funcional (SES.FRic) e dispersão funcional (SES.FDis). Estes índices foram gerados no nível de comunidade (CWM) para oito atributos associados à história de vida das espécies de árvores. Foi observada uma redução significativa do espaço funcional em reposta ao adensamento da palmeira açaí e da emergência de assembleias compostas por espécies de árvores e arbustos generalistas, e de crescimento rápido, além de resistentes a inundação. Os resultados indicam que estratégias K estão sendo substituída por estratégias do tipo r, em resposta a maior luminosidade do ambiente florestal proporcionada pelo manejo. O segundo capítulo investigou como o açaí afeta a diversidade e a estrutura filogenética de assembleias de árvores. Verificou-se que a intensificação do manejo (i.e., aumento do número de touceiras) está associado à redução da diversidade filogenética atuando sobre linhagens co-específicas. A inundação afeta menos a diversidade de linhagens não-coespecífica. Todavia o manejo e a inundação não causam agrupamento ou dispersão filogenética. No terceiro capítulo foi examinado os efeitos do manejo na escala local e na de paisagem sobre a diversidade α e β- taxonômica, funcional e filogenética das assembleias de árvores nestas duas escalas espaciais. As variáveis explanatórias utilizadas foram a densidade local de touceiras de açaí e sua representatividade em termos de porcentagem de cobertura na paisagem. Foi observado que o manejo do açaí atua como distúrbio crônico na redução da diversidade α-taxonômica, funcional e filogenética e que ambientes manejados inseridos em matriz conservada apresentam maior diversidade β-taxonômica e funcional. Os resultados indicam que o manejo de açaí impõe filtros ambientais, os quais alteram a composição funcional das assembleias de árvores e empobrecem a floresta de várzea do ponto de vista taxonômico, funcional e filogenético em diferentes escalas espaciais. Do ponto de vista teórico, estes achados questionam a exploração de produtos florestais não-madeireiros como a solução para a persistência das florestas tropicais. Do ponto de visto aplicado, os achados reforçam a necessidade de regulamentar a exploração do açaí nas florestas de várzea, a fim de se evitar o empobrecimento desta floresta única.