Concepções de crianças acerca do exercício de sua cidadania na cidade do Recife

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: ASSAD, Kátia Fernanda Faria
Orientador(a): SILVA, Celma Fernanda Tavares de Almeida e
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Direitos Humanos
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17783
Resumo: Apresentam-se as concepções que as crianças produzem acerca do exercício de sua cidadania no contexto urbano do Recife, identificando seus conhecimentos sobre a cidade e os direitos que reconhecem como próprios à sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, reflete-se a respeito do impacto das condições históricas, sociais e econômicas sobre o processo de subjetivação das crianças nesse contexto, e analisam-se os significados e sentidos expressados por elas em relação ao exercício da cidadania de acordo com a formação cidadã à qual tiveram acesso. Para tal, constituiu-se uma rede teórica sustentada por conhecimentos relacionados com cidade e cidadania, baseados em Castro (2001, 2004), Benevides (1991), Carvalho (2002); a constituição histórico-cultural do sujeito e da subjetividade, fundamentando-se em Vigotski (2007, 2009) e Rey (2003, 2005); e infância e formação cidadã, por meio das contribuições de Candau e Sacavino (2008, 2010), Freire (1967), Silva (2010), Silva e Tavares (2011, 2013). Para aproximação das concepções das próprias crianças sobre a sua realidade, adota-se uma abordagem exploratória, e, por meio da investigação empírica com sujeitos concretos, realiza-se pesquisa de campo em duas escolas municipais localizadas no mesmo bairro pertencente à Região Político-Administrativa IV (RPA 4), recorte territorial deste estudo. O trabalho de campo compõe-se por observação participante e realização de dois grupos de discussão desenvolvidos por meio das categorias de cidade real, ideal e possível elaboradas por Castro (2001, 2004). Cabe destacar que um dos grupos, além da educação formal, teve acesso às atividades de uma organização da sociedade civil voltadas para a formação humana. A análise qualitativa dos dados baseou-se nos princípios e métodos da epistemologia qualitativa (REY, 2005), elegendo o sentido subjetivo como principal unidade interpretativa. Os resultados demonstram: primeiro, que as crianças percebem o espaço urbano do Recife hostil à sua movimentação e permanência; segundo, que questões relacionadas com os vínculos sociais no âmbito da cidade, como discriminação social e racial, preconceito em relação às diferenças religiosas, ausência de solidariedade entre seus habitantes, fazem-se presentes nas concepções infantis; terceiro, que assumir responsabilidades próprias da cidadania é uma fragilidade comum aos grupos participantes deste estudo. No que concerne à formação cidadã, os conteúdos e sentidos expressos pelas crianças não fornecem elementos para indicar efeitos diferenciados quando o processo é realizado apenas na educação formal ou quando conjuga a educação formal e não formal em direitos humanos. Além disso, apesar de se identificar em ambas as escolas características e práticas que podem vir a contribuir para a formação cidadã, os resultados demonstram que a educação formal em direitos humanos nesses ambientes escolares ainda não se realiza por meio de um processo educativo em direitos humanos, sendo constituída por atividades pontuais e episódicas. Assim, conclui-se que prossegue o descompasso entre a discussão teórica acerca dos direitos humanos e as concepções e práticas, enfatizando a necessidade de maior participação das crianças e integração da escola com a cidade para o desenvolvimento da cidadania ativa.