As inter-relações entre o envolvimento ocupacional e a percepção de saúde na perspectiva de adolescentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: MARINHO, Mayelle Tayana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Saude da Crianca e do Adolescente
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/53391
Resumo: A adolescência é um período de intensas transformações e potencial vulnerabilidade referente às condições de saúde, sendo assim período fértil para ações de promoção da saúde. O diálogo com o referencial de Paulo Freire reconhece o adolescente enquanto um ser humano de direitos, relacional, dialógico, crítico, capaz de se posicionar e contribuir com a transformação de si mesmo e de sua realidade. Nesse sentido, as práticas de educação em saúde com os adolescentes devem ser construídas em uma perspectiva crítica da realidade social, abarcando as relações que os condicionam e determinam. Entre as diferentes temáticas passíveis de problematização junto aos adolescentes, as reflexões sobre como estes se envolvem em suas ocupações cotidianas e como estas se relacionam com a percepção de saúde podem contribuir com subsídios para o desenvolvimento de ações de educação em saúde. O presente estudo objetivou compreender as inter-relações entre o envolvimento ocupacional e a percepção de saúde na perspectiva de adolescentes. Trata-se de um estudo qualitativo, alicerçado na investigação temática conforme proposto por Paulo Freire. A pesquisa foi realizada em uma escola municipal na cidade do Recife-Pernambuco, com 33 adolescentes do oitavo ano do ensino fundamental com idade entre 13 e 16 anos. O estudo foi operacionalizado em quatro etapas: aproximação com o campo, leitura da realidade, seminários de codificações e problematização. Os dados coletados através de observação participante de atividades lúdicas e expressivas participativas e grupos focais foram analisados por meio da análise de conteúdo temática. Osresultados foram agrupados em quatro categorias: o processo de aproximação com os participantes do estudo; as concepções de saúde e situações de adoecimento na perspectiva dos adolescentes; o envolvimento ocupacional e suas implicações na saúde; os inéditos viáveis na promoção de saúde na adolescência. A análise possibilitou compreender que o envolvimento ocupacional é um fenômeno complexo, que se inter-relaciona de diferentes formas com a percepção de saúde no cotidiano dos adolescentes. Percebeu-se a compreensão pelos adolescentes de saúde a partir das relações com o adoecimento. Entre a diversidade de ocupações realizadas, a fragilidade das vivências com os familiares chamou atenção pelas conexões com a percepção de sofrimento e adoecimento mental. Também foram discutidos o envolvimento com outras ocupações como dormir, uso do celular, atividades escolares, cuidados domésticos, brincar, lazer, amizades e atividades físicas diariamente. Os dados denunciam diferentes situações de inequidades de poder, relacionadas principalmente a idade, classe socioeconômica e gênero, que caracterizam situações de injustiça ocupacional que atravessam e limitam o envolvimento ocupacional e impactam na percepção de saúde na adolescência. Os participantes anunciaram possíveis inéditos viáveis para a solução das problemáticas, criação de espaços de escuta, de potencialização dos vínculos com os pais e mudanças tanto físicas quanto atitudinais na escola. A pesquisa possibilitou a compreensão da potencialidade da investigação temática e da utilização de atividades enquanto recursos que potencializam o envolvimento com a pesquisa e a voz dos adolescentes nesse processo, construindo subsídios importantes para a elaboração de estratégias de educação em saúde, pautadas no compromisso com a transformação da realidade.