Espiritualidades de(s)coloniais nas experiências brincantes do Maracatu Rural na Mata Norte de Pernambuco: contribuições para a (trans)formação humana no campo educacional

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: ANDRADE, Arthur Silva de
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco; UFPE; Brasil; Programa de Pos Graduacao em Educacao
• Palavras-chave em Português: Educação; Maracatu baque solto; Espiritualidades de(s)coloniais; (Trans)formação humana; Transpessoalidade
• Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/62029

O Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto são nomenclaturas que se referem ao folguedo popular natural da região da Mata Norte pernambucana, caracterizado pelo cruzamento entre o catolicismo popular, a tradição africana e as perspectivas indígenas do catimbó da jurema que inaugura um modo de vida brincante marcado pela diversão-devoção. A partir disso, efetuam-se aberturas de natureza ontoepistemológicas outras que nos direcionam a perspectivas mais abrangentes para perceber a inteireza da vida numa visada de(s)colonial. Neste cortejo-dissertação, tomamos as espiritualidades de(s)coloniais das experiências do Maracatu Rural Estrela Brilhante, em Nazaré da Mata/PE, numa perspectiva de educação como (trans)formação humana, procurando tecer contribuições ao campo da educação partindo da cocriação com os saberes brincantes. O Objetivo Geral foi compreender numa pesquisa de inspiração metodológica de Investigação Participante (IP) junto aos folgazões de Maracatu Rural do grupo de Maracatu Estrela Brilhante, em Nazaré da Mata/PE, como as espiritualidades de(s)coloniais, nas suas experiências brincantes, poderiam propiciar contribuições para a (trans)formação humana no campo educacional. Objetivos Específicos: a) apresentar uma experiência de observação participante das sambadas de Maracatu Rural junto aos folgazões do grupo de Maracatu Estrela Brilhante, em Nazaré da Mata/PE; Com essa experiência, buscamos b) mapear os possíveis aspectos das espiritualidades de(s)colonias presentes nessas experiências brincantes e c) cocriar, com os folgazões do grupo de Maracatu Estrela Brilhante, em Nazaré da Mata/PE, ideias centrais acerca das contribuições das suas experiências brincantes para a (trans)formação humana no campo educacional. Metodologicamente, usamos a investigação participante como ação de visibilização e coconstrução do conhecimento, uma metodologia dirigida à transformação social, por isso há em sua constituição múltiplas possibilidades de transformação de saberes, de sensibilidades e de motivações populares, como uma forma alternativa emancipatória de saber popular pelo fazer de(s)colonial. Os resultados indicaram que as sambadas de Maracatu Rural são manifestação de diversão-devoção compostas pela relação musical, coreográfica, poética e festiva que conta com a disposição dos co-participantes em círculo ou num formato aproximado do que entendemos por samba de roda, com presença de instrumentos, cantos estróficos curtos, silábicos, responsorial e repetitivo e também improvisados, coreografia variada, espontânea e alternante, onde todos e todas dançam de uma só vez, nos dando sentidos educativos (trans)formativos. As espiritualidades de(s)coloniais nas experiências brincantes dos folgazões estão em confluência com o fazer em grupo, geração de vida, respeito, mítico-ritual, multiperspectivismo, bem-viver, cura e extra-humanidade, todas essas concepções atravessadas pela noção de incorporação que proporciona participação ao saber- viver brincante. As contribuições do fazer brincante do Maracatu Rural para a (trans)formação humana no campo educacional foi dialogada através das dez orientações da analítica decolonial permitindo a ampliação dos horizontes do bem viver ao nos demonstrar a lógica multidimensional da relação colonial que persiste mesmo após o fim do colonialismo. Diante disso, as espiritualidades de(s)coloniais presentes nas experiências brincantes possibilitam perceber as configurações dos modos de perceber e habitar o mundo, engajando desse modo um maior conhecimento do que buscamos representar por educação como (trans)formação humana. Apontamos a importância de pluriversalizar modos de existir, perceber e experienciar o mundo, de maneira que as espiritualidades de(s)coloniais nas experiências brincantes situam modos de pensar-sentir-agir que toma como referência o corpo e a alma para ampliar o horizonte do saber da perspectiva/cosmologias que percebem com e a partir de corpos e lugares étnico-raciais subalternizado em direção à educação (trans)formadora em todos os sentidos e dimensões da vida.