Nutrição, hipertiroidismo precoce e desenvolvimento cerebral: estudo em ratos recém-desmamados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: SANTOS, Regina da Silva
Orientador(a): GUEDES, Rubem Carlos Araújo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/9053
Resumo: Sabe-se que alterações precoces da função tiroideana interferem com o desenvolvimento e funções cerebrais. Neste trabalho investigou-se os efeitos do tratamento precoce com tiroxina (T4) sobre a propagação da depressão alastrante (DA) no córtex cerebral de ratos recém-desmamados. Ratas Wistar, alimentadas com a dieta de manutenção do biotério (MB, com 23% de proteínas) receberam 20μg/kg de T4 em dose única diária, via intraperitonial (i.p), nos 3 seguintes períodos: 1) gestação (do 14o dia ao dia do parto; GRUPO MBH-G); 2) 1ª semana do aleitamento (GRUPO MBH-AL1) e 3) 3ª semana do aleitamento (GRUPO MBH-AL3). Esses grupos foram comparados a 3 grupos controles, tratados da mesma forma e por igual período com solução salina (S-G, S-AL1 e S-AL3). Adicionalmente um grupo, desnutrido durante o aleitamento, foi tratado com tiroxina na última semana da lactação (DBRH-AL3), para verificar se a desnutrição alteraria o impacto do tratamento hormonal nesse período. Um grupo (INGÊNUO), sem qualquer tipo de tratamento, foi também estudado para avaliar a influência do estresse da aplicação das soluções. Os pesos e algumas dimensões corporais (eixo látero-lateral e antero posterior do crânio e eixo longitudinal do corpo) foram obtidos no 2o, 5o, 10o, 15o, 20o e 25o dias do aleitamento. Após o desmame (25 dias de idade), os filhotes foram submetidos ao registro da DA, entre 25 e 35 dias de vida. A DA foi deflagrada por aplicação de KCl e sua propagação acompanhada, em 2 pontos do córtex parietal, através do eletrocorticograma (ECoG) e da variação lenta de voltagem (VLV) que acompanha o fenômeno. Ao final do registro foram determinados os pesos dos encéfalos úmidos e secos, análise histológica da tireóide e níveis sanguíneos de T3 e T4. Os animais hipertiroideanos apresentaram diminuição no peso corporal e cerebral. Os níveis séricos de T3 mostraram-se diminuídos no grupo tratado na gestação e aumentados no grupo tratado na lactação. As alterações nos níveis séricos de T3 foram observadas também nos desnutridos. Alterações contrárias foram observadas nos níveis séricos de T4. O grupo desnutrido (DBRHAL3) apresentou pesos cerebrais absolutos (úmido e seco) menores e pesos relativos maiores, comparados aos do grupo bem nutrido (MBH-AL3). A associação entre desnutrição e hipertiroidismo resultou em velocidades médias da DA mais altas, mas a diferença para o grupo bem nutrido e tratado com T4 (MBHAL3) não foi significante. O prejuízo no crescimento, associado ao tratamento com T4 durante a gestação ou 3a semana da lactação, ocorreu de modo não uniforme, sendo verificados graus de comprometimentos variados entre os parâmetros de crescimento do crânio e do corpo. Os resultados indicam que o tratamento com T4 no início da vida pode alterar os parâmetros ponderais, hormonais e eletrofisiológicos cerebrais. Entretanto, a magnitude de tais alterações parece depender do período em que foi realizado o tratamento, bem como do estado nutricional dos indivíduos. Esses dados: 1) evidenciam que o hipertiroidismo torna o córtex mais susceptível ao fenômeno da DA, a julgar pelas suas velocidades de propagação aumentadas; 2) indicam que as duas condições (desnutrição e hipertiroidismo), quando associadas, não anulam seus efeitos sobre a DA, mas também não os potenciam, 3) alertam para a relevância do estudo do hipertiroidismo em crianças, visando o tratamento precoce, necessário para se evitar danos ao sistema nervoso