Família - Abrigo - Rua : construção de significados dos adolescentes nas passagens por contextos de desenvolvimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Soares, Selma Maria Gomes de Miranda
Orientador(a): Menezes, Jaileila de Araújo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Rua
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11205
Resumo: No discurso dos novos ordenamentos jurídicos, as medidas de proteção a crianças e adolescentes reiteram o convívio familiar e comunitário no esforço de romper com uma cultura de institucionalização da população infanto-juvenil pobre na garantia de condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Em descompasso, continuam-se utilizando modelos interventivos desfocados da realidade de tais sujeitos e invisibilizando suas condições concretas de existência. Reconhecendo o acolhimento institucional como contexto de desenvolvimento para adolescentes afastados do convívio familiar, o presente estudo investigou os significados e sentidos construídos por estes sujeitos em suas passagens pelos contextos da família, das instituições de acolhimento e da rua. Por convergirem na compreensão do desenvolvimento humano como processo complexo e construído dialogicamente nas interações histórica e culturalmente situadas, a perspectiva teóricometodológica adotada buscou dialogar com pressupostos do Construcionismo Social, da Psicologia Cultural proposta por Jerome Bruner e da Rede de Significações (REDESIG). Num contraponto aos princípios modernos de normatização e controle para descrever a adolescência, buscou-se situá-la na pluralidade das experiências dos sujeitos e circunscrita por marcadores culturais que configuram cenários variados e cambiantes. Empreendeu-se uma pesquisa qualitativa, utilizando-se a metodologia das entrevistas narrativas na aproximação aos diferentes significados/sentidos construídos pelos adolescentes sobre a relação entre os contextos de acolhimento, da família e da rua. Na análise das narrativas, observou-se que os significados sobre tais contextos emergiram de modo entrelaçado, num diálogo permanente entre os elementos culturais que os circunscrevem e os eventos que marcam suas trajetórias, como crises, tensões e rupturas. Nesse sentido, tal indissociabilidade questiona intervenções fragmentadas e localizadas para a compreensão do fenômeno da evasão como um rompimento de territórios, indicando a necessidade de se considerar a própria circulação como um lugar simbólico que articula saberes e modos de socialização. As narrativas sobre uma existência vivida entre os referidos contextos fizeram emergir sentimentos polissêmicos e ambíguos sobre experiências passadas e presentes para avaliar as perspectivas de um futuro incerto antecipado na emergência de uma maioridade. As narrativas refletiram uma multiplicidade de elementos culturais, contextuais e pessoais presentes nas (re) significações: sobre a família que, a despeito das desventuras, ainda se mantém como força simbólica de pertencimento, integrando seus projetos para o futuro; sobre as instituições de acolhimento, em seu potencial de apoio e nas práticas que reeditam violências sofridas e afirmam identidades delinquentes; e sobre a rua, cujos referenciais identificatórios suscitam significados de prazer e de ameaça constantes. Com a presente investigação, espera-se contribuir para os estudos sobre desenvolvimento a partir de diferentes perspectivas, reconhecendo-se as vozes e as experiências dos sujeitos, nas diferentes interações, como interlocutores responsáveis pelo conhecimento produzido socialmente e coautores de suas próprias histórias.