Reconfiguração da profissionalidade docente na docência universitária no contexto da avaliação da pós-graduação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Ferraz, Bruna Tarcília
Orientador(a): Melo, Márcia Maria de Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/12996
Resumo: O trabalho teve como objetivo analisar como ocorre o processo de configuração da docência universitária na pós-graduação no contexto da avaliação da CAPES. Nossos objetivos específicos foram: identificar os efeitos da sistemática de avaliação da CAPES no projeto acadêmico e ordenamentos internos dos programas; analisar os efeitos da adoção de critérios a serem atingidos na sistemática de avaliação da CAPES para a profissionalidade docente; e analisar no contexto da prática, a relação entre as políticas de avaliação da CAPES e a formação da docência universitária na pósgraduação em educação. Do ponto de vista metodológico, realizamos entrevistas e observações em reuniões e atas de colegiado, o que nos possibilitou construir espaço de coleta de depoimentos, cujos conteúdos foram alvo de análise. Entendemos que a docência universitária na pós-graduação reconfigura-se no contexto da avaliação da CAPES segundo os princípios da performatividade, evidenciando movimentos ambivalentes nos rebatimentos sobre a docência, a depender da concepção que o professor tem de docência e de pós-graduação, considerando as concepções presentes na política e na prática. Observamos reordenamentos internos não só nos programas, mas nos processos avaliativos dos programas, pela incorporação de uma racionalidade cognitivo-instrumental que conjuga ideias de individualismo e concorrência, que tem seus desdobramentos nos processos que se ocupam de controlar a conduta dos docentes; na mensuração quantitativa do seu desempenho nos processos de produção e difusão do saber; na exigência de adaptar os programas no sentido de considerarem os critérios da CAPES para credenciamento e recredenciamento dos docentes; e na realização da gestão dos programas para a configuração da docência e de sua profissionalidade. O estudo demonstra em síntese que muitos dos professores, de modo ambivalente, tendem a adequar-se ao funcionamento e a maneira como atuam no programa em função das exigências da avaliação da CAPES; outros, não constroem a sua docência simplesmente adequando-se às exigências. Com relação aos efeitos da avaliação da CAPES na configuração da docência universitária, percebemos articulações existentes entre a concepção de pós-graduação e a concepção de docência. Desse modo, considerando a concepção de pós-graduação defendida pelo produtivismo acadêmico a docência configura-se tomando a pesquisa como elemento central, segundo a concepção de docência performativa. Por outro lado, considerando a concepção de crítica à perspectiva da performatividade, cuja função social se expressa para além do atendimento aos requisitos produtivistas do modelo de avaliação, a docência universitária configura-se tomando a mediação didática nos processos de ensino, gestão, extensão e pesquisa, como elemento central, segundo a concepção de docência autêntica e crítica. A discussão da avaliação enquanto momento que estimula o desenvolvimento de ações individualistas e a discussão sobre os espaços coletivos de formação na relação com a avaliação ou com outros processos de atuação profissional e formação na atividade assumiu espaço central nos programas. A docência, nesse contexto, assume o caráter de construção contínua através dos processos de autoformação e heteroformação, que contribui com o desenvolvimento de saberes e competências. Ao fomentar o exercício individualizado, a avaliação privilegia o desempenho individual dos docentes, através das publicações de pesquisas. Por outro lado, ao fragilizar a potencialização do trabalho coletivo, a avaliação é alvo de crítica de alguns docentes, que concebem a importância de valorizar outros espaços de formação, para além da pesquisa nos programas, como as aulas, as atividades de extensão e gestão. Ressaltamos que o presente estudo, constitui-se num possível potencializador de investigações que se proponham a problematizar desafios e proposições para minimizar a disjunção entre o que está posto como exigência de avaliação e o que os docentes sentem necessidade de que haja um reconhecimento no âmbito da docência universitária na pós-graduação. Por isso, ressaltamos a importância de valorizar os processos avaliativos, reconhecer as possibilidades de legitimar através dos processos de configuração da docência universitária, processos de reflexão e ação sobre a práxis transformadora da produção e socialização do conhecimento em educação.